Dados do Trabalho


TÍTILO

AMPUTAÇAO ABDOMINOPERINEAL ASSOCIADA A PROSTATECTOMIA RADICAL COM PRESERVAÇAO DA BEXIGA PELA PLATAFORMA ROBOTICA

INTRODUÇÃO

A infiltração tumoral de órgãos urológicos ocorre em aproximadamente 10% dos pacientes com carcinoma colorretal. Nos casos em que não há plano de clivagem do tumor com os órgãos pélvicos, a ressecção em bloco das estruturas envolvidas é necessária, a exemplo da exenteração pélvica total que envolve a remoção do reto, bexiga, próstata e parte dos ureteres. Pacientes com adenocarcinoma de reto e extensão isolada para próstata ou vesículas seminais podem ser submetidos a amputação abdominoperineal combinada com prostatectomia radical e reconstrução do trânsito urinário, como alternativa à exenteração pélvica total, cumprindo os requisitos cirúrgicos oncológicos e proporcionando melhora significativa na qualidade de vida do paciente. O advento da tecnologia robótica reduz muitas das deficiências da laparoscopia, permite melhor acesso à cavidade pélvica, visão tridimensional com melhor visualização das estruturas, em especial dos nervos e vasos, redução do fog pelo mecanismo de duplas lentes e menor dependência do auxiliar para movimentar a câmara. Essas inovações facilitam a realização de procedimentos pélvicos complexos por laparoscopia, trazendo aos pacientes os benefícios da cirurgia minimamente invasiva sem prejuízo aos princípios oncológicos.

RELATO DE CASO

Paciente de 60 anos com adenocarcinoma de reto baixo, estadiamento mrT4N0, invadindo esfíncter anal e a próstata. Após a neoadjuvância, foi submetido a AAP extra-elevadora associada à prostatectomia radical com preservação da bexiga e confecção de anastomose vesicouretral. O paciente recebeu alta no terceiro dia pós-operatório. Após retirada sonda vesical de demora, evoluiu inicialmente com incontinência noturna e mais tardiamente foi diagnosticada fístula urinária, tratada conservadoramente com sonda vesical por mais 3 meses. Os achados histopatológicos pós-operatórios confirmaram adenocarcinoma colônico invasivo, ypT4bN0.

DISCUSSÃO

O tratamento do câncer retal localmente invasivo é complexo, carrega alta morbidade e pode implicar em sequelas irreparáveis para os pacientes. Do ponto de vista anatômico, a próstata e o reto são órgãos pélvicos separados apenas pela fáscia de Denonvilliers. A maioria dos autores recomenda a prostatectomia radical em bloco se houver suspeita de envolvimento da próstata por câncer retal, uma vez que a dissecção entre o reto e a próstata pode ser tecnicamente difícil e diminui a sobrevida. Quando há invasão isolada da próstata ou das vesículas seminais, o tumor pode ser ressecado com preservação da bexiga e reconstrução do trânsito urinário, evitando-se uma urostomia definitiva. Embora existam publicações de exenterações pélvicas poupadoras da bexiga, classicamente elas eram realizadas com técnica aberta e existem poucos relatos de ressecção multivisceral via laparoscópica ou robótica. Devido à escassa literatura publicada, apresentamos o relato de caso de paciente submetido a AAP associada a prostatectomia radical com anastomose uretrovesical assistida por robô.

PALAVRAS CHAVE

amputação abdominoperineal, prostatectomia, câncer retal, robô

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

HOSPITAL FELÍCIO ROCHO - Minas Gerais - Brasil

Autores

THAIS ANDRESSA SILVA FAIER, FABIO LOPES DE QUEIROZ, PEDRO ROMANELLI DE CASTRO, JAIRO SEBASTIAN ASTUDILLO VALLEJO, JESSICA RODRIGUES GIRUNDI GUIMARÃES, MARCOS FIGUEIRERO COSTA, HELIDA ALINE TOMACHESKI AMARAL