Dados do Trabalho


TÍTULO

SIGMOIDECTOMIA COM COLOSTOMIA TERMINAL PARA TRATAMENTO DE ABDOMEN AGUDO PERFURATIVO APOS USO DE POLIESTIRENOSSULFATO DE CALCIO EM POS-OPERATORIO TARDIO DE TRANSPLANTE CARDIACO, UM RELATO DE CASO.

INTRODUÇÃO

O presente relato retrata uma complicação incomum após o uso de poliestirenosulfonato de cálcio para tratamento de hipercalemia em doente renal crônico.

RELATO DE CASO

Paciente 65 anos, com história de transplante cardíaco prévio por miocardiopatia chagásica em 2018, internada devido a síndrome consumptiva a esclarecer e insuficiência renal aguda estágio III KIDGO, com síndome consumptiva – perda ponderal de 14 kg em 6 meses. Diagnosticada com hipercalemia durante a internação, sendo iniciado pela equipe assistente tratamento com Poliestirenossulfonato de cálcio (SORCAL), 30 gramas VO três vezes ao dia. Tratamento já empregado em outras ocasiões, em internações previas por doença renal crônica agudizada. Durante a presente internação, o tratamento teve duração de 7 dias. Três dias após a finalização do tratamento com Sorcal, a paciente evoluiu com dor abdominal importante, parada da eliminação de flatos e fezes, náuseas, e aumento de marcadores inflamatórios. Apesar da paciente apresentar evacuações diárias previamente ao uso de Sorcal, durante todo o tratamento com a medicação apresentou constipação.
A tomografia de urgência evidenciou pneumoperitônio, bem como discreta quantidade de líquido livre depositado na pelve.
Após o diagnóstico de abdome agudo perfurativo, foram iniciadas medidas clínicas com antibioticoterapia, ressuscitação volêmica, e indicada laparotomia exploradora de urgência. No intraoperatório foi evidenciada perfuração em cólon descente, abcesso pélvico bloqueado por ovário e trompa esquerdos e sigmóide redundante. Realizada rafia primária de orifício em cólon, sigmoidectomia e colostomia terminal.
Paciente recebeu dieta no 2º pós operatório e alta no 7º pós operatório
Ao anatomopatológico observou-se foco de perfuração da parede, presença de cristais basofílicos romboides com aspecto "em escama de peixe".

DISCUSSÃO

Constam na literatura casos já descritos de perfuração intestinal após utilização de poliestirenossulfato de cálcio (Sorcal). A complicação ocorre mais comumente em regiões como a válvula ileocecal e cólon ascendente. Apesar de incomum, há relatos de perfuração em sigmóide, tal como no caso descrito.
A perfuração comumente ocorre a partir do 4º dia de uso do Sorcal. Há a formação de um bezoar composto pela impactação do medicamento mesclado ao líquido entérico, o qual culmina na agressão ao epitélio intestinal, provocando perfuração do órgão. No presente relato, o achado intra-operatório foi de perfuração transmural.
No anatomopatológico o achado elementar são os cristais de poliestirenossulfonato de cálcio, que assumem um formato em mosaico, ou como descrito, em "escama de peixe”, devido a angulação que esse cristal assume.
É interessante notar que muitos pacientes com relato de perfuração por Sorcal possuem concomitantemente insuficiência renal, tal qual a paciente do caso relatado.
Apesar de incomum, a perfuração intestinal é descrita na literatura. Ademais é possível observar uma equivalência entre os casos reportados até o momento.

PALAVRAS CHAVE

Perfuração intestinal; Abdome agudo perfurativo; Poliestirenosulfonato de cálcio; Insuficiência renal crônica;

Área

URGÊNCIAS COLOPROCTOLÓGICAS

Instituições

Hospital Israelita Albert Einstein - São Paulo - Brasil

Autores

IAN TORRES , MARCOS ANTONIO NEVES NORONHA, GABRIEL LUNARDI ARANHA, RICARDO PURCHIO GALLETTI, IGOR LEPSKI CALIL, FRANCISCO TUSTUMI, JEAMMY ANDREA PARRA, MILTON STEINMAN