Dados do Trabalho


TÍTULO

GRANDE DEISCENCIA DE RETALHO APOS AMPUTAÇAO POR CCE MANEJADA COM SUCESSO USANDO VACUOTERAPIA

INTRODUÇÃO

O carcinoma de células escamosas do ânus (CEC) é o subtipo histológico mais comum do câncer anal. Aproximadamente 90% dos cânceres estão associados a infecção pelo papilomavírus humano (HPV). A vacinação é uma prática de prevenção importante na redução da incidência de infecção pelos subtipos de alto risco, que estão associados a esta neoplasia. O tratamento combinado com rádio e quimioterapia (CRT) apresenta bons resultados e tornou-se o esquema terapêutico mais utilizado. Tumores que não respondem de forma plena ao esquema terapêutico combinado são submetidos a tratamentos de resgate com amputação abdomino-perineal com controle local de 30-77% em 5 anos. As complicações com as feridas são comuns e ocorrem em até 80% dos casos após a CRT.

RELATO DE CASO

Feminino, 78 anos, iniciou com quadro de constipação, tenesmo, fezes em fita e hematoquezia, com piora importante e progressiva em poucos meses. Realizou propedêutica inicial com exame proctológico, retossigmoidoscopia e biópsia. Foi diagnosticada com Carcinoma de células escamosas (CEC) pouco diferenciado de canal anal, cT3N1M0, estadio IIIC. Realizou tratamento com Cisplatina e 5-Fluorouracil, concomitante à radioterapia locorregional, com resposta completa. Oito meses após, evoluiu com dor anal de difícil controle. Exame sob anestesia mostrou recidiva local com fístula retovaginal. A paciente concordou com a cirurgia mas manifestou desejo de ter um canal vaginal reconstruído. Foi submetida a amputação abdomino-perineal do reto laparoscópica com colpectomia e neovagina; reconstrução com retalhos glúteos bilaterais tanto para a neolatina quando para a oclusão da ferida. Teve desinência total da ferida apesar de estar livre de tensão e bem perfundida. Levada ao bloco por 6 vezes para colocação de terapia a vácuo e síntese progressiva da ferida com excelente resultado. A paciente era claustrofóbica e se negou a fazer terapia hiperbárica.

DISCUSSÃO

A amputação abdomino-perineal do reto é cirurgia mutiladora porém necessária em algumas patologias oncológicas para se buscar a cura ou controle local da doença. No caso em questão, apesar de não ter vida sexual ativa, a paciente se mostrou resistente a colpectomia seguida de oclusão do canal vaginal e manutenção apenas da uretra. Desta forma, foi indicado um retalho glúteo bilateral. São conhecidos os altos índices de complicações das feridas pós CRT para CCE devido a alta carga de radiação e peculiaridade da região, entretanto a paciente tinha boa saúde, bem nutrida e foi possível fazer os retalhos livres de tensão. As alternativas existentes como o retalho de reto abdominal, apesar de descrita com ótimos resultados tem a desvantagem da maior morbidade abdominal e dor pós operatória. A terapia a vácuo já vem sendo utilizada largamente no tratamento das feridas e foi fundamental a nosso ver neste caso específico para melhorar os resultados da ferida e acelerar a recuperação e internação hospitalar.

PALAVRAS CHAVE

câncer de células escamosas, câncer de ânus, feridas

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

REDE MATER DEI DE SAÚDE - Minas Gerais - Brasil

Autores

MATHEUS MATTA MACHADO MAFRA DUQUE ESTRADA MEYER, GABRIELA FREITAS CHAVES, SARAH VIANA FIALHO, AMANDA GOMES DA SILVA OLIVIERA, ANNA ELISA CAMPOS TEIXEIRA MELO, MARIA CAROLINA MOREIRA MARTINS COSTA, LUIZ FELIPE SOUZA GUEDES, DANIELA DE MATOS ALVES COSTA