Dados do Trabalho


TÍTULO

SINDROME DE FOURNIER EM PACIENTES COM COVID 19 – CONSEQUENCIA OU COINCIDENCIA? RELATO DE TRES CASOS.

INTRODUÇÃO

Além da síndrome de desconforto respiratório agudo grave (SDRAG), pacientes com formas severas de COVID-19, têm experimentado eventos tromboembólicos micro e macrovasculares em diversos sítios orgânicos. O objetivo do presente estudo é relatar três casos de COVID-19 complicados pela síndrome de Fournier (SF), outra patologia potencialmente fatal, também associada a distúrbios microvasculares.

RELATO DE CASO

Caso 1 - sexo feminino, 63 anos, obesa, hipertensa, diabética, com passado de acidente vascular encefálico isquêmico, dois episódios de infarto agudo do miocárdio e tromboembolismo pulmonar. Internada por SDRAG por COVID-19, evoluiu com hiperemia e crepitações em grandes lábios e monte púbico, após 15 dias de sintomas. Foi submetida ao desbridamento amplo da região pubiana, vulva e períneo, além de drenagem de abscesso vulvar e pelvirretal. Realizados curativos diários com hidróxido de magnésio. Após melhora clínica, realizou 10 sessões de oxigenoterapia hiperbárica (OHB) e fechamento da ferida operatória.
Caso 2 – Sexo feminino, 66 anos, obesa, diabética e hipertensa. Em ventilação mecânica por COVID-19, com necessidade de prona. Após 9 dias de doença, evoluiu com necrose do monte púbico e flogose até grande lábio direito. Foi submetida ao desbridamento cirúrgico amplo até as espinhas ilíacas bilateralmente e grande lábio a direita, sendo posteriormente realizados curativos diários com hidróxido de magnésio e novos debridamentos cirúrgicos. Após melhora clínica, realizou 10 sessões de OHB com melhora significativa e foi realizado fechamento da área cruenta.
Caso 3 - paciente do sexo feminino, 20 anos, internada por COVID-19 e plaquetopenia severa por púrpura trombocitopênica imune (PTI). Apresentou hematoma vulvar espontâneo e doloroso, que progrediu para SF no décimo quinto dia de sintomas, acometendo região inguinal, raiz de coxa esquerda até flanco esquerdo. Realizado desbridamento cirúrgico amplo até a gordura pré-peritoneal na fossa ilíaca esquerda e curativos diários com hidróxido de magnésio. Evoluiu com melhora do choque séptico e segue em cuidados intensivos, aguardando início da OHB.

DISCUSSÃO

Além das complicações macrovasculares, há evidências que suportam a relação entre COVID-19 e alterações microvasculares. Trombos na microcirculação pulmonar são achados frequentes e, no Brasil, demonstrou-se a ocorrência de trombose da microcirculação em 85% dos pacientes com SDRAG por COVID-19. Este fato associa-se a disfunção endotelial ocasionada pela inflamação sistêmica, culminando em um estado protrombótico. Essa fisiopatologia pode ser um denominador comum entre a SF e o COVID-19. Nesse contexto, realçamos a necessidade de mais estudos para definição de correlação clinica e discussão do diagnóstico precoce e prevenção da SF nos pacientes com COVID-19.

PALAVRAS CHAVE

Síndrome de Fournier; COVID-19.

Área

URGÊNCIAS COLOPROCTOLÓGICAS

Instituições

FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO - USP - São Paulo - Brasil

Autores

LÉO DANTAS PEREIRA, JOSÉ JOAQUIM RIBEIRO DA ROCHA, MARLEY RIBEIRO FEITOSA, OMAR FÉRES, STHEFANIA MENDONÇA FRIZOL, LEONARDO ISA BOTURA, ROGERIO SERAFIM PARRA, ANTONIO BALESTRIM FILHO