Dados do Trabalho


TÍTULO

RECONSTRUÇAO DA PAREDE ABDOMINAL COM FASCIA LATA PODE SER UMA OPÇAO PARA GRANDES RESSECÇOES ONCOLOGICAS?

INTRODUÇÃO

A reconstrução da parede abdominal quando envolvida em extensas cirurgias oncológicas colorretais é um desafio. Área contaminada e, muitas vezes, não disponibilidade de materiais sintéticos caros fazem com que retalhos ou enxertos sejam excelentes opções. A fáscia lata é um enxerto autólogo que pode ser usado como substituto para grandes defeitos da parede abdominal. Assim, relata-se dois casos tecnicamente bem sucedidos de reconstrução da parede abdominal com fáscia lata.

RELATO DE CASO

O primeiro paciente é MFSC, homem, 58 anos, apresentava adenocarcinoma de sigmóide invadindo, bexiga, alça ileal e parede abdominal. Chegou ao pronto socorro por celulite de parede abdominal com tumoração palpável. Fez estadiamento clínico com exame de imagem, colonoscopia e cistoscopia (tumor no fundo vesical): cT4bN0M0. No intra-operatório, o tumor estava abscedado para a parede. Foi realizada retossigmoidectomia, enterectomia segmentar, cistectomia parcial e ressecção de parede abdominal. O defeito da parede media 10x12cm e foi realizado enxerto autólogo de fáscia lata com dois leitos de nutrição: omento e subcutâneo. O estadiamento patológico confirmou T4bN0. O paciente evoluiu com cicatrização completa, sem infecção, nem deiscência. Está em seguimento há dois anos sem recidiva e sem hérnias, apenas uma flacidez local. O segundo paciente é PLM, homem, 62 anos, foi operado na urgência por abdome agudo obstrutivo por adenocarcinoma mucinoso de ceco. Submetido a hemicolectomia direita: pT2N1M0. Realizou quimioterapia adjuvante, evoluindo um ano após com recidiva na parede abdominal (local do dreno) de 10cm no maior eixo que não comprometia estruturas intra-abdominais. Foi realizada ampla ressecção (margens livres) e reconstrução local com enxerto de fáscia lata. O omento residual foi utilizado para proteção e nutrição do enxerto. Não houve infecção nem deiscência pós-operatória. Paciente evolui sem hérnias, mas após dois anos, evoluiu com nova recidiva local e metástase hepática e pulmonar. Está em quimioterapia paliativa.

DISCUSSÃO

A fáscia lata é resistente, facilita a neovascularização por ser porosa e não faz aderências às vísceras intracavitárias. Se a reconstrução evoluir com deiscência ou necrose, pode ser tratada conservadoramente, sem necessidade de retirar o enxerto. As vantagens do uso do omento abaixo do enxerto são a proliferação e maturação de macrófagos e linfócitos B, adesão ao enxerto aumentando o fluxo sanguíneo, diminuindo a taxa de infecção e seroma, além de diminuir o espaço morto. A execução deste enxerto é de baixa morbidade e pode ser utilizado em associação com telas sintéticas ou biológicas. Assim, o enxerto autólogo de fáscia lata é uma excelente opção para áreas infectadas e contaminadas, situação muito comum na cirurgia coloproctológica, além do seu baixo custo.

PALAVRAS CHAVE

Câncer colorretal, parede abdominal, fáscia lata, enxerto, transplante autológo

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

KARLA OLIVEIRA ARAUJO, FERNANDA BELLOTTI FORMIGA, LOUISIE GALANTINI LANA GODOY, FANG CHIA BIN, DANIEL FRANCISCO MELLO, AMERICO HELENE JUNIOR, ALINE CELEGHINI ROSA VICENTE, LUIZA MELLO AYRES MORGADO COSTA