Dados do Trabalho


TÍTULO

LEI DE VELPEAU E TUMORES RETRORRETAIS: RELATO DE CASO.

INTRODUÇÃO

Os tumores retrorretais são raros, com sintomatologia escassa e muitas vezes desconhecidos por profissionais não especializados em cirurgia colorretal. Seu diagnóstico preciso e uma abordagem planejada por cirurgião treinado é extramente importante para o sucesso terapêutico e sua extração em bloco sem comprometer estruturas existentes no espaço pré sacral. O tratamento é sempre cirúrgico, possuindo possibilidade de radioterapia e angioembolização para tumores irressecáveis, entretanto sem evidências positivas de eficácia. Descrita pelo cirurgião francês Alfred Velpeau, a lei de Velpeau remete à ideia de que casos raros vêm aos pares em um curto espaço de tempo. Dessa forma, descrevemos dois casos diagnosticados no mês de maio de 2021.

RELATO DE CASO

Mulher, 41 anos, com dor pélvica, sem alterações ao exame físico. A RNM mostrou lesão cística, homogênea, sem componentes sólidos na cavidade pré-sacral, com volume de 480cm³. Diagnosticado como cisto epidermoide rôto e inflamado. O segundo caso, também mulher, de 46 anos com abaulamento na região glútea esquerda. Toque retal e colonoscopia sem alterações. A RNM evidenciou massa cística não homogênea, sem realce, medindo cerca de 540cm³, identificado angiomixoma profundo, confirmado por imunohistoquímica. Ambas lesões ressecadas por incisão Kraske, sem intercorrências.

DISCUSSÃO

A região pré-sacral possui várias linhagens embrionárias, explicando a diversidade dos tumores. São mais frequentes no sexo feminino, dois terços são congênitos e os mais comuns são cistos os de duplicação retal, dermoides e epidermoides. Outros congênitos com risco relativo de transformação maligna são os cordomas (pior prognóstico), teratomas e o angiomixoma que, apesar de benignos, tem risco de recorrência e disseminação local. Devido a raridade não há estratégia bem definida de seguimento, sugerindo-se a RNM a cada seis meses por três anos. O restante dos tumores retrorretais são de origem neurogênica ou óssea, sendo localmente agressivos e com potencial metastático. O diagnóstico é muitas vezes tardio pela sintomatologia vaga, porém podem gerar sintomas compressivos ou infecção secundária. A RNM deve ser sempre realizada para caracterizar as lesões e planejar a cirurgia. A biopsia por punção é discutível, devido risco de contaminação e recorrência no trajeto, devendo ser indicada apenas em lesões irressecáveis para direcionar a terapia. Todas as lesões devem ser tratadas com excisão completa e não fragmentada, pois um terço deles pode ser maligno e as algumas benignas podem sofrer transformação maligna, recidivar ou disseminar localmente. As lesões que estão abaixo do nível sacral S4 podem ser ressecadas por meio de uma abordagem posterior e acima uma abordagem anterior. Lesões que acometem tanto acima como abaixo de S4 uma abordagem combinada deve ser utilizada, iniciando-se pela anterior. Em pacientes com invasão direta da parede muscular do reto, a proctectomia deve ser prevista.

PALAVRAS CHAVE

retrorrectal tumors, presacral tumors e retrorrectal epidermid cyst

Área

CONSTIPAÇÃO E DOENÇAS DO ASSOALHO PÉLVICO

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO - Minas Gerais - Brasil

Autores

PEDRO BRUM FERRAZ, ANA PAULA BRAGA, LUCIANO PELEGRINELLI, CARLOS SODERO, GUSTAVO TIVERON, AURÉLIO ZAGO, VITOR MIGUEL BERGAMINE, ANA CAROLINA LEAL