Dados do Trabalho


TÍTULO

HA MAIOR FREQUENCIA DE DISPLASIA ANAL E INFECÇAO PELO PAPILOMAVIRUS HUMANO EM PACIENTES COM DOENÇA DE CROHN?

OBJETIVO

Comparar a frequência de displasia e infecção pelo papilomavírus humano (HPV) no canal anal de pacientes com doença de Crohn (DC) a um grupo controle, avaliando também se há correlação com o uso de imunossupressores e manifestação anal da doença inflamatória intestinal. O objetivo principal foi identificar grupos de maior risco para o desenvolvimento de doença relacionada a este vírus que poderiam se beneficiar com a aplicação da vacina.

MÉTODO

O estudo transversal foi realizado em um centro terciário, sendo selecionados indivíduos dos ambulatórios do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Foram incluídos pacientes de 18 à 70 anos sexualmente ativos e excluídos pacientes com histórico vacinal para HPV, exame físico com lesões macroscópicas sugestivas de condiloma ou antecedentes de tratamento do HPV ou câncer anal. Os pacientes foram divididos em grupos controle e DC, pareados por sexo e idade. Foi considerada a terapia atual da doença, subdividindo-os em uso vigente ou não de imunossupressores (corticoesteróides, imunossupressores orais e biológicos).
Os grupos foram então submetidos à citologia anal e pesquisa do HPV por PCR seguida de hibridização (Linear Array® - Roche), por meio de dois escovados. As citologias por esfregaço foram avaliadas por dois patologistas que desconheciam a qual grupo as amostras pertenciam e foram classificadas em normais, presença de células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASCUS), lesão escamosa de baixo grau (LSIL) ou de alto grau (HSIL). A identificação do HPV foi considerada negativa ou positiva. Os resultados foram analisados estatisticamente através do SPSS 25, utilizando os teste de Kruskal-Wallis e Teste Exato de Fischer conforme variáveis, sendo considerado erro α de 0.05 e intervalo de confiança de 95%.

RESULTADOS

Foram incluídos 117 pacientes, sendo 54 controles e 63 DC, dos quais 31 estavam utilizando imunossupressores e 32 em tratamento com outras drogas sem função imunomoduladora.
ASCUS foi encontrado em 25,9% dos pacientes controle e 28,6% do grupo DC. LSIL representava 22,2% do grupo controle e 39,7% do DC. HSIL não foi encontrado em nenhum dos grupos (p = 0,105).
HPV foi identificado pelo Linear Array® em 14,8% dos controles e 27% dos DC (p = 0,143). Dentro do grupo DC, HPV foi positivo em 37,5% e 16,1% dos pacientes com e sem imunossupressores, respectivamente (p = 0,064).
Pacientes com manifestação anal da DC apresentaram HPV positivo em 15,6%, enquanto o grupo sem este fenótipo da doença apresentou 38,7% de HPV (p = 0,050).

CONCLUSÕES

Não houve diferença estatística na frequência de displasia e infecção anal por HPV entre os grupos DC e controle.
Os imunossupressores também não influenciaram estes resultados; no entanto, a presença de manifestação anal da DC foi inversamente proporcional à positividade para infecção pelo HPV.
Assim, por este estudo, conclui-se que pacientes com doença de Crohn não demonstraram tratar-se de um grupo de risco para infecção pelo HPV ou suas manifestações.

PALAVRAS CHAVE

HPV, Doença de Crohn, displasia anal, citologia anal

Área

INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

Instituições

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP - São Paulo - Brasil

Autores

VIVIAN REGINA GUZELA, CARLOS WALTER SOBRADO JUNIOR, SIDNEY ROBERTO NADAL, LUISA LINA VILLA, GIANA RABELLO MOTA, CARMEN RUTH MANZIONE NADAL, SERGIO CARLOS NAHAS, IVAN CECCONELLO