Dados do Trabalho


TÍTULO

RESSECÇAO ALARGADA DE TUMOR DE COLON LOCALMENTE AVANÇADO

INTRODUÇÃO

No câncer colorretal aproximadamente 5 a 10% dos casos são localmente avançados ao diagnóstico. Para o câncer de colón, a melhor conduta em doença não disseminada é cirurgia “up-front” com margens cirúrgicas adequadas, garantindo ressecção R0. O objetivo é apresentar um caso de tumor de cólon esquerdo que no intraoperatório foi optado por ressecção multivisceral para garantir margem radial adequada.

RELATO DE CASO

Homem, 55 anos, com quadro de dor abdominal em flanco esquerdo associado a perda ponderal de 15 kg em 6 meses. Negava demais queixas como sangramento do trato gastrointestinal ou alterações do hábito intestinal. Ex-tabagista e tinha diabetes mellitus tipo 2 como comorbidade. A colonoscopia evidenciou lesão infiltrativa em flexura esplênica, com biópsia compatível com adenocarcinoma moderadamente diferenciado. A tomografia mostrava lesão com espessamento colônico no nível da flexura esplênica, com possível comprometimento de cauda de pâncreas e jejuno proximal, ao nível do ângulo de Treitz. Demais exames de estadiamento sem alterações. No intraoperatório, a lesão era de flexura esplênica com aderências da cauda do pâncreas e ângulo de Treitz. Foi optado por realizar colectomia esquerda, pancreatectomia corpo-caudal, com esplenectomia e enterectomia segmentar. Paciente evoluiu com fístula pancreática com alta no 15 dia de pós-operatório. Anatomopatológico confirmou adenocarcinoma sólido e tubular, sem invasão angiolinfática e perineural, margens livres de neoplasia, ausência de infiltração pancreática, estadiamento pT3N0M0. Optado por não realizar quimioterapia adjuvante. Segue em acompanhamento, por 24 meses, sem sinais de recidiva.

DISCUSSÃO

Apesar do câncer colorretal localmente invasivo ser mais frequentemente associado a metástases sistêmicas, alguns casos, apresentam comportamento biológico diferente, com invasão de órgãos adjacentes por contiguidade, mas sem metástases à distância. Na maioria das vezes, não é possível avaliar, no intraoperatório, se a aderência é desmoplásica ou neoplásica. Estima-se que em 50% das vezes, encontra-se infiltração tumoral propriamente dita. Essa alta porcentagem desencoraja tentativas de desfazer aderências no intraoperatório, devido ao risco de comprometer a radicalidade cirúrgica e, assim, o prognóstico. Neste caso, indica-se a ressecção alargada e multivisceral: retirada em bloco do tumor e dos órgãos acometidos garantindo margem cirúrgica adequada, sem evidência de tumor residual. Deve-se, sempre, contra-balancear a morbidade cirúrgica da ressecção para cada paciente. Assim, o tumor de cólon esquerdo é particularmente localmente invasivo ao diagnóstico e deve sempre ser aventada a possibilidade de cirurgia multivisceral quando encontradas aderências no intra-operatório.

PALAVRAS CHAVE

câncer colorretal

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Hospital Heliópolis - São Paulo - Brasil

Autores

DOUGLAS YUJI SAITO, CAROLINA SOUZA GASPARETTI, FERNANDA BELLOTTI FORMIGA, BERNARDO FONTEL POMPEU, LUÍS FERNANDO PAES LEME