Dados do Trabalho


TÍTULO

COMPARAÇAO ENTRE A UTILIZAÇAO DA POSIÇAO PRONADA E A POSIÇAO DE LITOTOMIA NA REALIZAÇAO DE AMPUTAÇAO ABDOMINOPERINEAL DE RETO

OBJETIVO

Comparar resultados de complicações intraoperatórias e duração de tempo cirúrgico em amputações abdominoperineais (AAP) de reto com tempo cirúrgico perineal realizado em posição de litotomia ou em posição pronada.

MÉTODO

Analisou-se retrospectivamente dados de 80 pacientes submetidos a AAP para o tratamento de câncer de reto (CR), divididos em 2 grupos (tempo perineal em posição de litotomia vs. posição pronada). Todos foram operados no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), entre dezembro de 2011 e junho de 2021, pela mesma equipe cirúrgica. Foram coletados dados referentes ao tempo cirúrgico total, repercussão hemodinâmica intraoperatória (necessidade de hemoderivados e/ou drogas vasoativas), complicações da dissecção perineal (4 subgrupos: vasculares, genitourinárias, fratura de tumor, lesão de reto), necessidade de auxílio da cirurgia plástica.

RESULTADOS

No período analisado foram realizadas 80 amputações abdominoperineais para o tratamento do CR. Excluiu-se aqueles nos quais foram feitos procedimentos combinados (n = 11), com 69 pacientes restantes. Destes, 27 foram submetidos ao tempo perineal em posição de litotomia (grupo 1) e 42 em posição pronada (grupo 2). O tempo médio para posicionar o paciente em posição pronada foi de 20 minutos. O grupo 1 teve duração média total de 278 minutos, contra 292 minutos no grupo 2. Necessitou-se de auxilio da cirurgia plástica para fechamento do períneo em 17 casos, 8 do grupo com litotomia e 9 do pronado. 25 pacientes tiveram complicações intra-operatórias, sendo 11 complicações abdominais (não avaliadas neste estudo) e 16 relacionadas à dissecção perineal, sendo 9 (33,3%) do grupo de litotomia e 7 (16,6%) do grupo pronado. Quando avaliados os subgrupos de complicações em relação ao total de pacientes, no grupo de litotomia (total de 9 complicações) houve 1 (3,7%) complicação vascular, 5 (18,5%) genitourinárias, 3 (11,1%) lesões de reto, sem fratura de tumor. No grupo pronado (total de 9 complicações - 2 pacientes tiveram 2 complicações), ocorreu 1 (2,3%) complicação vascular, 3 (7,1%) genitourinárias, 3 (7,1%) lesões de reto e 2 (4,76%) fraturas de tumor. Houve 1 (3,7%) paciente do grupo de litotomia que apresentou repercussão hemodinâmica decorrente de tempo perineal, assim como 1 (2,3%) paciente do grupo pronado.

CONCLUSÕES

A amputação abdominoperineal com tempo perineal em posição pronada tem se mostrado segura, comparada à abordagem clássica em litotomia, quando realizada por equipe cirúrgica experiente. Mostrou-se menor taxa global de complicações intraoperatórias (16,6% vs. 33,3%), assim como percentual menor de repercussões hemodinâmicas decorrentes do tempo perineal (2,3% vs. 3,7%), sem mencionar a melhor ergonomia da posição pronada para a equipe cirúrgica. Houve pequeno acréscimo no tempo cirúrgico médio de procedimento (14 minutos), que não contribui negativamente para o desfecho da cirurgia, nem tampouco tem relação com aumento de número de complicações.

PALAVRAS CHAVE

Amputação de reto, litotomia, pronada, complicações

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Hospital das Clínicas da FMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

CAROLINE FREITAS CIRENZA, ARTHUR YOUSSIF MOTA ARABI, MARCELO OLIVATI DO AMARAL, ANTONIO ROCCO IMPERIALE, CARLOS FREDERICO SPARAPAN MARQUES, GUILHERME CUTAIT CASTRO COTTI, ULYSSES RIBEIRO JÚNIOR, SÉRGIO CARLOS NAHAS