Dados do Trabalho


TÍTULO

RELATO DE CASO: USO DA TECNICA E-LIFT EM PACIENTE COM FISTULA TRANSESFINCTERIANA RECIDIVADA

INTRODUÇÃO

A escolha da técnica cirúrgica para tratamento da fístula anorretal deve ponderar a correção do trajeto fistuloso e a preservação da continência fecal. A ligadura do trato interesfincteriano da fístula (LIFT), proposta por Rojanasakul em 2007, é um procedimento voltado à preservação esfincteriana. Contudo, tem campo de visão estreito, e, por vezes, área de ligadura contaminada por fezes.1,2 Objetivando superar as dificuldades técnicas e possibilitar acesso alternativo ao trajeto fistuloso, Chen e colaboradores, em 2012, propuseram o LIFT externo (e-LIFT). Apresentamos um caso de um paciente submetido a e-LIFT.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 40 anos, sem comorbidades, um parto cesário, acompanhada em serviço de Coloproctologia com queixa de fístula anorretal recidivada. Relatou fistulotomia em 2013, com recidiva da doença em 2018. Hábito intestinal normal, sem incontinência. Negou dor, sangramento ou perda ponderal. Trazia sorologias negativas. Em agosto de 2020, foi submetida à ligadura interesfincteriana de trajeto fistuloso (LIFT). Após cinco meses, apresentou nova recidiva da doença, sendo submetida à correção cirúrgica com avanço mucoso. Durante o seguimento pós-operatório, foi identificada a patência do trajeto fistuloso transesfincteriano. Reabordada em maio de 2021, sendo realizada a técnica de ligadura e-LIFT. Permanece sob acompanhamento ambulatorial, com ferida operatória em processo cicatricial satisfatório, sem queixas relacionadas à continência fecal.

DISCUSSÃO

A técnica de e-LIFT consiste na dissecção do trajeto fistuloso iniciada a partir do orifício externo (OE), com incisão ao redor do mesmo, em direção ao orifício interno (OI). Na sequência, procedida ligadura do trajeto logo acima do OI e secção do túnel dissecado. Desta forma, preserva-se a musculatura esfincteriana.3,4
As taxas de sucesso da fistulotomia variam de 93-100%, no entanto a incontinência associada ao procedimento pode chegar a 50%. Em contrapartida, o LIFT convencional é descrito como eficaz em 57-94% dos casos, com incontinência relacionada ao procedimento quase nula.3 Acredita-se que a recidiva após o LIFT convencional está relacionada à abertura do espaço interesfincteriano, o que pode gerar infecção local e formação de novo trajeto fistuloso. A taxa de sucesso do e-LIFT pode chegar a 82%, sem relatos de incontinência fecal, com a vantagem de uma ferida mais limpa, sem lesão de musculatura esfincteriana aplicáveis a paciente já submetidos a LIFT convencional.4
No momento não há cirurgia considerada ideal para o tratamento de fístulas transesfincterianas em paciente com recidiva da doença. Relatamos este caso para ilustrar o uso de mais uma técnica que pode compor o arsenal de cirurgias poupadoras de esfíncter para tratamento de fístula anorretal, principalmente para pacientes com múltiplas abordagens perianais.

PALAVRAS CHAVE

Fístula anorretal. Ligadura transesfincteriana do trajeto fistuloso. LIFT. Externo. Transesfincteriana.

Área

DOENÇAS ORIFICIAIS

Instituições

Hospital Universitário Professor Edgard Santos - Bahia - Brasil

Autores

SABRINA QUERON SILVA BACELAR BOUDOUX, ISABELA DIAS MARQUES CRUZ, FLÁVIA CASTRO RIBEIRO FIDELIS, ALEXANDRE LOPES CARVALHO, VIVIANE MOREIRA GUSMÃO, LINA MARIA GOES CODES