Dados do Trabalho


TÍTULO

RELATO DE CASO: APRESENTAÇÃO ATÍPICA DE CARCINOMA ESPINOCELULAR (CEC) DE CANAL ANAL

INTRODUÇÃO

O ânus é composto de mucosa de três tipos histológicos diferentes: glandular, transicional (proximal) e escamosa (distal). Distalmente, a mucosa escamosa se funde com a pele perianal ao nível da borda ou margem anal.1 As nodulações de borda ou margem anal podem ter inúmeros diagnósticos diferenciais, em sua maioria compostos por lesões benignas. Contudo, não raramente nos deparamos no consultório com lesões de aparência regular e homogênea que podem representar patologias malignas de aspecto benigno ao exame físico, necessitando de investigação e seguimento.

RELATO DE CASO

Paciente feminino, 41 anos, acompanhada em ambulatório de Coloproctologia devido a nodulação em borda e canal anal. Negou dor, sangramento ou perda ponderal associada. Hábito intestinal normal, sem cirurgias perianais prévias ou história de neoplasias na família. Ao exame físico, evidenciada lesão elevada em região pósterolateral direita de borda anal, medindo cerca de 2,5 cm x 1,0 cm, com superfície lisa e enantematosa, sem ulcerações. Ao toque, notava-se extensão da lesão previamente descrita por 3,0 cm a partir da borda anal, e extensão laterolateral de 2,0 cm, consistência fibroelástica, pouco móvel, com superfície lisa e regular. Anuscopia sem alterações adicionais. Submetida a retossigmoidoscopia flexível, que evidenciou, à retrovisão, lesão séssil de superfície lobulada e irregular, medindo 1,5 cm em canal anal, com extensão para borda anal. A biópsia revelou lesão intraepitelial escamosa de alto grau. Procedida exérese cirúrgica da lesão, com anatomopatológico conclusivo para Carcinoma Espinocelular (CEC) invasor, pouco diferenciado, margens livres (mais próxima de 0,4mm) e presença de invasão vascular. Ao momento do diagnóstico, a paciente possuía radiografia de tórax e ressonância magnética de pelve, sem achados de doença à distância, sendo estadiada como pT2N0M0. Diante dos achados, foi indicada quimiorradioterapia com 5-Fluorouracil e Cisplatina, associados a 54Gy em 27 frações.

DISCUSSÃO

O Carcinoma Espinocelular de canal anal é uma neoplasia rara, correspondendo a 2,7% dos cânceres do aparelho digestivo.2 Em pacientes portadores de CEC de canal anal invasivo, o tratamento padrão é a quimiorradioterapia, que surgiu como método de eleição devido às altas taxas de cura da doença (80 a 90 %), associada à preservação de musculatura esfincteriana anal.3 A excisão local pode ser uma opção para pacientes cuidadosamente selecionados, neste caso, o acompanhamento em menores intervalos de tempo se torna obrigatório, com o início imediato da quimiorradioterapia para a doença recorrente. Até o momento, a excisão local isolada da lesão, nunca foi comparada com a radioterapia (RT) ou quimiorradiação.4, 5 Durante o exame proctológico, a percepção de lesões com características duvidosas ou atípicas para patologias benignas deve ser seguida de complementação diagnóstica. Nestes casos, é mandatória a avaliação anátomopatológica, com intuito de promover o tratamento adequado do paciente.

PALAVRAS CHAVE

Carcinoma espinocelular. CEC. Canal anal. Borda anal. Cirurgia.

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Hospital Universitário Professor Edgard Santos - Bahia - Brasil

Autores

SABRINA QUERON SILVA BACELAR BOUDOUX, ISABELA DIAS MARQUES CRUZ, FLÁVIA CASTRO RIBEIRO FIDELIS, ALEXANDRE LOPES CARVALHO, VIVIANE MOREIRA GUSMÃO, LINA MARIA GOES CODES