Dados do Trabalho


TÍTULO

MELANOMA DE MUCOSA ANAL: O PAPEL DA IMUNOTERAPIA NOS CASOS AVANÇADOS

INTRODUÇÃO

O melanoma de mucosa (MM) anal é um câncer pouco prevalente, agressivo e com prognóstico ruim. Apresenta-se de forma oligossintomática, com diagnóstico habitualmente em estágios avançados. O tratamento depende do estadiamento, podendo ser cirúrgico, em casos iniciais, ou com terapia multimodal incluindo radioterapia, quimioterapia e imunoterapia. A imunoterapia revolucionou o tratamento do melanoma cutâneo (MC), bem como de subtipos mais raros como o MM. Relatamos um caso de MM anal submetido a imunoterapia e radioterapia com resposta completada lesão primária.

RELATO DE CASO

MPG, feminino, 72 anos, com sangramento e ardor anal persistentes, e fezes em fita. Ao exame, lesão vegetante iniciando-se a cerca de 3 cm da borda anal, com extensão cranial por 3 cm, acometendo cerca de 30% do canal anal, com envolvimento à direita da alça do puborretal. Colonoscopia com lesão vegetante em canal anal, projetando-se para o reto, ulcerada. Anatomia patológica com neoplasia fusocelular e imuno-histoquímica com marcação para SOX10 e S100, confirmando melanoma primário da mucosa. PET-CT com acometimento linfonodal mesorretal, para-aórtico e interaortocaval. Iniciado tratamento multimodal com radioterapia e imunoterapia com Ipilimubabe e Nivolumabe. Observada, após 22 dias de tratamento, regressão de 50% da lesão ao exame físico. No trigésimo dia, identificada regressão total da lesão ao exame endoscópico, com biópsia da cicatriz evidenciando retite.

DISCUSSÃO

O MM anal é raro, sua incidência aumenta com a idade, e é mais frequentes em mulheres. Ao diagnóstico, 60% dos pacientes apresentam acometimento linfonodal mesorretal e 30% metástase à distância. O prognóstico é reservado, e a sobrevida em 5 anos, com metástases linfonodais ou à distância, é de 9,8% e 0%, respectivamente.A amputação abdominoperineal do reto é indicada em pacientes com doença locorregional, associada a maior morbidade e menor impacto na mortalidade pelo câncer, quando comparada com a resseção local ampla. Há papel para radioterapia após ressecção local ampla em pacientes com linfonodos positivos e na doença extensa não passível de ressecção. É descrito que a radioterapia pode potencializar o efeito da imunoterapia ao aumentar a formação de neoantígenos, propiciando um microambiente tumoral mais imunogênico e consequentemente melhorando os desfechos dos inibidores de pontos de checagem imunológicos. O MM apresenta baixa resposta a terapia citotóxica convencional e atualmente o tratamento sistêmico para doença avançada deve ser baseado em imunoterapia. A eficácia parece ser um pouco menor do que visto em MC. Os melhores dados vêm de uma análise compilada com MM, comparando nivolumabe com ipilimumabe versus nivolumabe, com benefício em favor da combinação, com aumento de taxa de resposta 37,1% vs 23,3% e sobrevida livre de progressão de doença de 5,9 meses vs 3,0 meses.

PALAVRAS CHAVE

Melanoma de mucosa anal, Melanoma Anal, Imunoterápicos, Imunoterapia

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Hospital São Rafael - Bahia - Brasil

Autores

BRUNA SANTOS FREITAS , THAMY CRISTINE SANTANA MARQUES, LINA MARIA GOES CODES, ISABELA DIAS MARQUES CRUZ, IURI AMORIM SANTANA , MAYARA MARAUX MARANHAO, ELIAS LUCIANO QUINTO SOUZA, EULER MEDEIROS AZARO FILHO