Dados do Trabalho


TÍTULO

RECONSTRUÇAO PERINEAL APOS AMPUTAÇAO ABDOMINO-PERINEAL CILINDRICA

INTRODUÇÃO

Tumores retais extrusos ou tumores de canal anal são particularmente beneficiados por ressecções perineais amplas. A amputação abdomino-perineal (AAP) cilíndrica visa garantir a margem radial, no entanto, muitas vezes o fechamento da cavidade pélvica extraperitoneal e do períneo é um desafio ao coloproctologista. Descreve-se, assim, duas opções de reconstrução perineal bem sucedidas.

RELATO DE CASO

IAS, mulher, 54 anos, apresentava diagnóstico de adenocarcinoma de reto baixo. Realizou terapia neoadjuvante de curso longo com resposta clínica completa e seguiu protocolo de preservação de órgão. Três anos depois, evoluiu com recrescimento tumoral: lesão extrusa, abscedada e íntimo contato com a vagina. Realizada AAP cilíndrica com coccigectomia e colpectomia médio-distal, em posição de Lloyd-Davies (ypT4N0M0), durante procedimento ocorreu inadvertidamente queimadura térmica em região sacral. Devido tempo prolongado e sangramento intra-operatório, foi fechada reflexão peritoneal e o períneo foi deixado aberto com compressas. Cinco dias após, realizou-se reconstrução através de retalho fáscio-cutâneo V-Y e retalho neuro-vascular pudendo crural (Singapura) para reconstrução da parede posterior da vagina. A paciente teve cicatrização completa da região perineal em 30 dias com boa funcionalidade e cicatrização da região sacral da queimadura em 90 dias com necessidade de novo desbridamento e reconstrução com novo retalho de avanço nesse período. A outra paciente, LFC, 41 anos, tinha diagnóstico de carcinoma epidermóide de canal anal, estadio IIIA. Foi submetida a tratamento quimioradioterápico, sem resposta completa. Realizada AAP cilíndrica de resgate com coccigectomia, em posição ventral (ypT3N0M0). Paciente foi reconstruída no mesmo ato cirúrgico com dois retalhos fáscio-cutâneos V-Y de glúteo. Evoluiu com cicatrização completa em 20 dias, sem infecção de ferida operatória.

DISCUSSÃO

A reconstrução pelve-perineal pós AAP cilíndrica é um vantajoso arsenal terapêutico. Historicamente, o fechamento do períneo pós AAP sempre se associou a alta morbidade. A complicação mais comum da AAP, devido a tensão do fechamento perineal e potencial coleção no oco pélvico, é a infecção de sítio cirúrgico. Com a infecção, há abertura da ferida e posterior cicatrização por segunda intenção. O período pós-operatório é caracterizado com exsudação persistente, demora para fechamento da ferida, impactando a qualidade de vida. Assim, ao longo da história do tratamento do tumor de reto, evoluímos de períneos abertos com fechamento por segunda intenção, passando por drenagem com sistema fechado exteriorizado pelo períneo ou pelo abdome, até as reconstruções perineiais. Essas podem ter indicação seletiva, baseada no tamanho da ferida perineal, caracterizando-se por aumento do porte cirúrgico mas menor morbidade pós-operatória dado a brevidade da cicatrização, menor risco de infecção de ferida perineal e, assim, melhor qualidade de vida no pós-operatório.

PALAVRAS CHAVE

Neoplasias Colorretais, Amputação, Períneo

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Hospital Heiopólis - Santa Catarina - Brasil

Autores

FERNANDA BELLOTTI FORMIGA, RAYSSA RAYSSA PRÁ BUSS, GABRIEL ALVES CARRIÃO, ANDRÉ LUIGI PINCINATO, RONALDO MANFREDINI VASSOLER, MARIA CAROLINA SAMPAIO VIDAL DE ANDRADE COUTINHO, GERALDO ANTÔNIO SCOZZAFAVE, IDBLAN CARVALHO DE ALBUQUERQUE