Dados do Trabalho


TÍTULO

PACIENTES COM ABSCESSO PERIANAL SUBMETIDOS A TRATAMENTO CIRURGICO DE URGENCIA DURANTE A PRIMEIRA ONDA DA PANDEMIA COVID-19

OBJETIVO

Em março de 2020, a Organização Mundial de Saúde reconheceu o COVID-19 como pandemia. O pânico generalizado, associado às medidas de restrição social, provocaram diminuição na procura aos serviços de emergência, pelo medo de disseminação do agente. Os hospitais priorizaram o atendimento de pacientes com Sars-Cov-2 e as doenças benignas do dia a dia pareceram desaparecer dentro desse contexto. O abscesso anorretal é um ótimo exemplo de afecção proctológica benigna extremamente prevalente no serviço de emergência por ser muito sintomática. Assim, objetivou-se verificar se houve redução na incidência dos abscessos anorretais tratados pelo Pronto Socorro no período pré e durante a primeira onda da pandemia COVID-19 e se houve mudança no perfil dessa população.

MÉTODO

Pacientes com CID K61, que deram entrada pelo serviço de emergência e foram operados pela equipe de cirurgia geral nos anos de 2019 e 2020, foram divididos em dois grupos: pré e durante a pandemia. Considerou-se o mês de março de 2020 como marco do início da primeira onda. Através do prontuário médico, foi confirmado o diagnóstico definitivo de abscesso anorretal e verificados dados demográficos, anamnese, exame clínico, técnica intra-operatória e evolução. Foram critérios de exclusão: pacientes não operados pela equipe de cirurgia geral, tumores abscedados e síndrome de Fournier. Todos os pacientes operados no período da pandemia foram submetidos a triagem sorológica para COVID-19. Sendo positivo, colhia-se RT-PCR e mantinha isolamento até o resultado definitivo. Independente do resultado de triagem, os pacientes foram operados com todas as medidas de proteção para equipe médica.

RESULTADOS

No período pré pandemia, 28 pacientes (72%) foram operados com abscesso anorretal, enquanto durante a pandemia, operou-se apenas 11 pacientes. Comparando os períodos pré pandemia e durante a pandemia, não houve diferença na média de idade dos pacientes, tempo de história, localização do abscesso, uso de antibiótico prévio ao procedimento cirúrgico, nem tratamento instituído. A taxa de resolução do tratamento do abscesso durante a pandemia foi de 81,8%, com apenas dois pacientes evoluindo com fístula anorretal. Nenhum paciente operado durante a pandemia testou positivo para COVID-19 no teste de triagem e nenhum adquiriu COVID-19 nos 15 dias que sucederam ao tratamento cirúrgico.

CONCLUSÕES

O atraso no diagnóstico do abscesso anorretal é comum e independente da pandemia COVID-19. Esta, porém, reduziu a incidência de afecções benignas coloproctológicas no pronto socorro, como o abscesso anorretal. No entanto, os pacientes que procuraram assistência médica e foram tratados cirurgicamente tiveram alta taxa de resolução do abscesso e nenhum caso complicou nem desenvolveu sintomas relacionados ao COVID-19.

PALAVRAS CHAVE

Infecção pelo SARS-CoV-2; Fístula Anal

Área

URGÊNCIAS COLOPROCTOLÓGICAS

Instituições

Hospital Heliópolis - São Paulo - Brasil

Autores

NAYARA SANCHES RIGO, LARISSA MERCADANTE DE ASSIS, FERNANDA BELLOTTI FORMIGA, BERNARDO FONTEL POMPEU, LUÍS FERNANDO PAES LEME