Dados do Trabalho


TÍTULO

MELANOMA PERIANAL COM METASTASE CEREBRAL: UM RARO RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Melanoma perianal é uma lesão maligna rara, representa 0,3 a 3% dos melanomas e 1 a 3% dos tumores do canal anal. O atraso diagnóstico relaciona-se a pior prognóstico devido ao elevado potencial metastático da doença.

RELATO DE CASO

Masculino, 63 anos, tabagista, etilista, hipertenso, internado em fevereiro pelo serviço de Coloproctologia para investigação diagnóstica de lesão perianal. Paciente relata fístula perianal desde 2004, operado na ocasião, com piora do aspecto regional e infecções de repetição desde 2020. Nega alterações de hábitos fisiológicos e história familiar de câncer. Ao exame proctológico, duas lesões exofíticas abscedadas localizadas em regiões perianal e glútea direita, com áreas ulceradas e secretivas, edema e eritema perilesionais. Ao toque retal, mucosa lisa e íntegra. Colonoscopia completa com preparo intestinal adequado identificou dois pólipos pediculados pequenos em cólon sigmóide, que foram retirados - adenomas túbulo-vilosos com displasia epitelial de baixo grau. Ressonância da pelve mostrou volumosa lesão expansiva sólida infiltrativa, multiestrutural, com isocentro anocutâneo, medindo 8,8x3,3x7,6 cm, em contato com o esfíncter interno; sem linfonodomegalias nem líquido livre na pelve. Realizada biópsia incisional sem intercorrências. Anatomopatológico evidenciou neoplasia maligna invasora pouco diferenciada nas duas lesões e material abscedado com ninhos de células epitelióides pleomórficas, com núcleos aumentados, e áreas de necrose. Diagnóstico de melanoma invasivo à imunohistoquímica. Tomografia computadorizada (TC) de abdome e tórax sem implantes secundários. Após alta hospitalar, encaminhado para tratamento oncológico. Reinternação por plegia de membros inferiores. TC de crânio com contraste evidenciou lesões hipodensas intra-axiais disseminadas, irregulares e com impregnação periférica de contraste, sugestivas de metástase cerebral; presença de edema perilesional exercendo efeito compressivo. Iniciada quimiorradioterapia paliativa. Evoluiu com sangramento tumoral, sendo realizada radioterapia hemostática. Choque hipovolêmico e óbito em 06/2021.

DISCUSSÃO

A principal complicação do melanoma perianal é o sangramento, presente em 55% dos casos. O atendimento médico inicial geralmente ocorre pela protrusão de massas com crescimento exofítico na região anorretal, mas a maioria já apresenta quadro sistêmico da doença. Confirmação diagnóstica se dá pela biópsia seguida por imuno-histoquímica. Colonoscopia e ileoscopia são feitas para descartar neoplasias síncronas. A ressonância pélvica ajuda no estadiamento local e as TCs de crânio, tórax, abdome e pelve permitem o estadiamento à distância. A depender do grau de disseminação da doença, o tratamento influencia pouco o prognóstico. Na presença de metástases cerebrais, estima-se uma sobrevida média de 2-6 meses após radioterapia paliativa. Assim, a realização do exame proctológico é crucial para o diagnóstico precoce, associado a elevado grau de suspeição de condições aparentemente benignas.

PALAVRAS CHAVE

Melanoma; Neoplasias do Ânus; Metástase Neoplásica.

Área

MISCELÂNEA

Instituições

Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF) - Minas Gerais - Brasil

Autores

ANA LUÍSA SCAFURA DA FONSECA, GABRIELA MARTINS VILLELA, ANA CLARA ABREU LIMA DE PAULA, OTÁVIO HENRIQUE CAMPOS PAIVA, RAFAEL SOUZA MOTA, LORENA NAGME DE OLIVEIRA PINTO, MARIA AUGUSTA MARQUES SAMPAIO DE SOUZA, CRISTIANE DE SOUZA BECHARA MOTA