Dados do Trabalho


TÍTULO

HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA MACIÇA POR MELANOMA ANAL RECIDIVADO – RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O melanoma maligno do canal anal é doença rara e altamente letal. Os sintomas clínicos são variados e associados à progressão loco-regional e à distância da neoplasia. Em pacientes metastáticos, o tratamento clínico é a primeira opção, exceto nos casos que apresentam complicações, onde a necessidade de intervenção deve ser avaliada pelo cirurgião. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de melanoma maligno do canal anal recidivado e metastático, que evoluiu com sangramento maciço e refratário, com necessidade de amputação abdominoperineal do reto (APR).

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 71 anos, submetida a hemorroidectomia em serviço externo, cujo anatomopatológico da peça cirúrgica revelou melanoma anal. Foi encaminhada para seguimento oncológico em nossa instituição e se encontrava assintomática. Ao exame, apresentava apenas fibrose do canal anal, sem sinais de neoplasia maligna. O estadiamento clinicorradiológico evidenciou focos de doença à distancia (linfonodos inguinais e fígado). Indicado terapia sistêmica paliativa pela equipe de oncologia. Apesar do tratamento proposto, a paciente evoluiu com progressão da doença (recidiva local e infiltração pulmonar). Após 4 meses de tratamento clínico, a paciente passou a apresentar evacuação obstruída, com necessidade de enemas retais. Apresentou hemorragia anal maciça com repercussão clínica após manipulação anal. Foi internada para compensação clínica e optou-se pela cirurgia para ressecção da massa tumoral no reto. Submetida à APR, que transcorreu sem intercorrências. O anatomopatológico confirmou do diagnóstico de melanoma do canal anal com invasão do reto. Teve boa recuperação e recebeu alta após sete dias de cirurgia. Atualmente se encontra em tratamento clínico exclusivo e paliativo.

DISCUSSÃO

O melanoma maligno corresponde a menos de 1% das neoplasias do canal anal. Origina-se do epitélio escamoso do ânus e acomete mulheres com maior frequência. O sangramento anal é o principal sintoma, que costuma ser confundido com as manifestações da doença hemorroidária, o que leva ao atraso no diagnóstico e na instituição do tratamento definitivo. A cirurgia é a base do tratamento e a excisão local ampla combinada com radioterapia loco-regional adjuvante deve ser preferida quando tecnicamente viável. Já a APR é reservada para pacientes com grandes massas tumorais ou naqueles em que o esfíncter anal está envolvido, podendo ser associada à terapia adjuvante. Na presença de complicações, como a hemorragia refratária, a APR também pode ser utilizada. A despeito dos avanços terapêuticos, o prognóstico é ruim e a sobrevida média em 5 anos não costuma ultrapassar 10% nos casos avançados.

PALAVRAS CHAVE

Hemorragia Digestiva Baixa; Melanoma Anal; Amputação Abdominoperineal do Reto; Neoplasias do Canal Anal

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE RIBEIRÃO PRETO - USP RP - São Paulo - Brasil

Autores

STHEFÂNIA MENDONÇA FRIZOL, MARLEY RIBEIRO FEITOSA, LEO DANTAS PEREIRA, TAUANY TORRES, ANTONIO BALESTRIM FILHO, ROGÉRIO SERAFIM PARRA, JOSÉ JOAQUIM RIBEIRO DA ROCHA, OMAR FÉRES