Dados do Trabalho


TÍTULO

RETALHO DO RETO ABDOMINAL PARA OCLUSAO DO OCO PELVICO

INTRODUÇÃO

O tratamento do câncer de reto localmente avançado é desafiador, cursa com pior prognóstico e envolve abordagem multimodal. A radioterapia reduz a recorrência local, mas produz sequelas agudas e crônicas, podendo resultar em aderências, fístulas entéricas, infecção de ferida operatória e má cicatrização dos tecidos. O tratamento cirúrgico tem como objetivo a ressecção com margens livres (R0), linfadenectomia adequada e muitas vezes, necessita ressecção em monobloco das estruturas adjacentes aderidas. A exenteração pélvica é utilizada em tumores retais com invasão de bexiga ou órgãos genitais. A perda de estruturas resulta em um vazio pélvico que facilita aderências do intestino delgado.

RELATO DE CASO

Paciente 59 anos, submetido com diagnóstico de adenocarcinoma reto médio localmente avançado em 2016, submetido a neoadjuvância e exenteração pélvica, com colostomia terminal à Hartmann e ureteroileostomia a Bricker. Paciente foi admitido no pronto socorro em maio/2021 com saída de secreção entérica pelo anus, dor intensa associado. Colostomia com redução da drenagem de fezes. Estável, bom estado geral, sem sinais infecciosos, abdome indolor, toque retal evidenciando coto retal aberto, fibrótico, com secreção entérica. Ressonância de pelve identificou fístula enteroperineal dirigida, sem sinais de recidiva tumoral.
Optado por abordagem cirúrgica no dia 30/04/2021. Laparotomia exploradora, achado cirúrgico de alças de delgado aderidas e abertas em dois pontos, comunicantes com coto retal remanescente. Fibrose intensa e inflamação de aspecto actínico. Realizada enterectomia de dois segmentos e anastomoses terminoterminais manuais em plano único com pontos simples. Após lavagem da pelve, realizada rotação de retalho muscular parcial do reto abdominal esquerdo distal à colostomia. Mantido coto retal aberto, passagem de sonda de Foley via retal para drenagem de pelve. Paciente evoluiu bem no pós operatório, teve alta no 5 DPO, porém retornou no 8 DPO com fístula anastomótica dirigida para terço inferior de ferida operatória. Evoluiu bem com tratamento conservador com antibióticoterapia, e nutrição parenteral. Atualmente acompanha em ambulatório, ferida operatória em granulação sem saída de secreções.

DISCUSSÃO

O tratamento câncer de reto é de alta complexidade e deve ser realizado por equipe experiente. Ainda não está definido pela literatura a melhor técnica de fechamento do oco pélvico após exenteração pélvica ou amputação abdominoperineal do reto. Dentre os diversos de retalho muscular, a literatura demonstra maior taxa de hérnia incisional abdominal com retalho do reto abdominal e maior taxa de infeção de ferida operatória e complicação perineal com retalho glúteo, devendo o tratamento ser individualizado. Diante das complicações actínicas devastadoras da radioterapia, o fechamento do oco pélvico com retalho muscular do reto abdominal é uma tentativa válida de minimizar complicações futuras.

PALAVRAS CHAVE

oco pélvico, câncer de reto, exenteração pélvica

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Hospital das Clínicas da UFMG - Minas Gerais - Brasil

Autores

GABRIELA DE CASSIA GOMES SILVA, LUIZA ROGÉRIO, ANA CAROLINA PARUSSOLO ANDRE, MAGDA MARIA PROFETA DA LUZ, BERNARDO HANAN, RODRIGO GOMES DA SILVA