Dados do Trabalho


TÍTULO

CARCINOMA ESPINOCELULAR DE CANAL ANAL: QUAL E A RESPOSTA DO TRATAMENTO QUIMIORADIOTERAPICO ATUAL?

OBJETIVO

O câncer de canal anal corresponde apenas a 2,6% de todos os tumores malignos do sistema digestivo, sendo o carcinoma epidermóide (CEC) o tipo histológico mais comum. O tratamento clássico do CEC de canal anal se baseia em quimioradioterapia com 5-fluorouracil (5-FU) e mitomicina C (MTC) e doses de radioterapia entre 3000 e 3500cGy (esquema Nigro clássico). Posteriormente, a dose da radioterapia foi modificada para 4500cGy no equema Nigro modificado. Recentemente, tais quimioterápicos foram substituídos por capecitabina (5-FU oral) e cisplatina a fim de atingir maior aderência, maior biodisponibilidade e menor toxicidade. Além disso, a MTC está em falta em nosso meio. Com a radioterapia conformacional, houve incremento da dose da radioterapia, chegando a alcançar 5400cGy. Em caso de falha com tal terapêutica ou recidiva da lesão, o paciente é submetido a amputação abdomino-perineal. Essa mudança terapêutica ao longo dos últimos anos, traz dúvida sobre sua eficácia. Objetiva-se, portanto, caracterizar os pacientes com CEC de canal anal que foram tratados com quimioradioterapia e qual a taxa de cirurgia de resgate.

MÉTODO

Estudo retrospectivo através da análise de prontuário dos pacientes com CEC de canal anal. Os pacientes foram selecionados através do cadastro no serviço de radioterapia entre os anos de 2014 e 2020. Os critérios de inclusão foram CEC como tipo histológico, exame de imagem do canal anal e perianal e acompanhamento com a equipe de coloproctologia do mesmo serviço da radioterapia. Caracterizou-se tal amostra com dados demográficos, dose de radiação, quimioterápico utilizado, necessidade de cirurgia de resgate e desfecho.

RESULTADOS

Dos 126 pacientes cadastrados com CID-10 C21 no serviço de radioterapia do hospital, 59 eram originados de serviços externos e seis possuíam o tipo histológico de adenocarcinoma. Portanto, a casuística incluiu 61 pacientes. A média de idade foi 60,65 ± 13,23 anos, com predomínio em mulheres (75,4%). O esquema terapêutico mais realizado foi capecitabina e cisplatina (62,5%). A taxa de cirurgia de resgate foi 4,9%. Todos esses três pacientes tiveram resposta incompleta mesmo com tratamento quimioradioterápico adequado (5400cGy e capecitabina e cisplatina), com tempo médio de seguimento pós cirurgia de resgate de 36 meses, nenhum dos três evoluiu para óbito. Dos demais pacientes, onze evoluíram para óbito (18,6%) e 13 (21,3%) perderam o seguimento tendo a taxa de resposta sido satisfatória em nossa amostra.

CONCLUSÕES

Apesar da modificação do esquema terapêutico original no tratamento do CEC de canal anal, a taxa de resposta tem se mostrado satisfatória. A cirurgia de resgate tem seu papel, com boa sobrevida em nossa amostra.

PALAVRAS CHAVE

Carcinoma de Células Escamosas ; Canal Anal ; Quimiorradioterapia

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Hospital Heliópolis - São Paulo - Brasil

Autores

GABRIEL ALVES CARRIÃO, RAISSA JOSE DE FRANÇA CARVALHO, RAYSSA PRA BUSS, MARIANA PINTO RIBEIRO, LIGIA DE OLIVEIRA RIBEIRO, ANDRÉ LUIGI PINCINATO, FERNANDA BELLOTTI FORMIGA, IDBLAN CARVALHO DE ALBUQUERQUE