Dados do Trabalho


TÍTULO

DOENÇA DE BOWEN PERIANAL E A IMPORTANCIA DE UM ACOMPANHAMENTO PERIODICO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A Doença de Bowen perianal é uma lesão escamosa intraepitelial de alto grau (LEIAG) de baixa frequência, associada à infecção pelo HPV. Possui crescimento lento e evolui para carcinoma epidermóide (CE) 1-2% ao ano. Acomete mais comumente mulheres na quinta década de vida. Apresenta-se como placa eczematóide eritematosa elevada, margens bem delimitadas, bordos irregulares e pode causar prurido, ardência e sangramento. O tratamento pode ser efetuado por agentes tópicos, procedimentos ablativos e ressecção cirúrgica, dependendo do tamanho, número e localização das lesões Será apresentado o caso clinico de uma paciente com Doença de Bowen perianal que está há 9 anos em acompanhamento no Serviço de Coloproctologia do Hospital Barão de Lucena(HBL), evoluindo com lesões recorrentes, multifocais e invasão estromal a despeito do tratamento.

RELATO DE CASO

Paciente A.M.S, 63 anos, casada, ex- tabagista, história exérese de condiloma perianal em 2010, procurou o HBL em outubro de 2012 com queixa de lesão perianal de 5x3 cm em QAE e prurido perianal há 1 ano. Exame ginecológico condilomas em vulva e sorologias sem alterações. O diagnóstico histopatológico da ressecção da lesão perianal e das lesões em vulva foi de lesão escamosa intraepitelial de alto grau (LEIAG) com margens laterais comprometidas e lesão escamosa intraepitelial de baixo grau (LEIBG) respectivamente. Optado ampliar as margens de ressecção e dilatação anal cirúrgica após 2 meses com ausência de neoplasia remanescente. Em 2015 apresentou recidiva da lesão em QAE e nova ressecção disgnosticou LEIAG. Em 2016 ressecou lesões em QMA, QLE e QLD, todas LEIAG. Em 2017, exérese condilomas QAD e QAE confirmou LEIBG. Em 2018 apresentou lesões multifocais perianais eritematosas elevadas de relevo granular com melhora parcial após uso de imiquimode. Exame sob anestesia identificou úlcera em canal anal QPE e lesão eritematosa granular perianal em QAD que diagnosticou carcinoma epidermóide moderadamente diferenciado. Encaminhada para radioquimioterapia que iniciou após 11 meses por recusa da paciente. Houve regressão da lesão inicialmente porém no segundo mês progrediu. Realizado em 2020 excisão abdominoperineal extraelevadora isquioanal do reto e ressecção da parede posterior da vagina. Atualmente apresenta metástase inguinal.

DISCUSSÃO

Paciente HIV negativo e com história de lesões anogenitais induzidas pelo HPV confere risco de LEIAG anal de 0-9%. A exérese cirúrgica determina o resultado histopatológico e permite identificar carcinoma invasivo na peça, que pode ocorrer 2 a 6%. Ressecão local ampla tem sido associado a menor taxa de recidiva, porém está associada a complicações de ferida como problemas na cicatrização, estenoses e incontinência, agregando morbidade a uma doença benigna. Curiosamente a paciente sem imunodeficiência conhecida, tratada por ressecções locais e imiquimode e mantida sob vigilância evoluiu desfavoravelmente com múltiplas recidivas, doença multifocal e CEC.

PALAVRAS CHAVE

DOENÇA DE BOWEN; DOENÇAS PERIANAIS

Área

INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

Instituições

Hospital Barão de Lucena - Pernambuco - Brasil

Autores

JUAREZ SILVESTRE NETO, SAMARA DUARTE OLIVEIRA, CAMILA FERREIRA REBOUÇAS, ICARO TORRES LAGE, ALINE RIBEIRO TEIXEIRA CAVALCANTE, JUSCIELLE DE SOUZA BARROS, NATALIA MAIA ESMERALDO PEIXETO