Dados do Trabalho


TÍTILO

CIRURGIA DE KRASKE PARA CISTO PRE-SACRAL VOLUMOSO

INTRODUÇÃO

Os tumores pré-sacrais são lesões incomuns, compostas por lesões benignas congênitas em 55 a 70% dos casos. Sua apresentação clínica pode se dar de forma assintomática ou com sintomas inespecíficos causados por compressão local como constipação, dor pélvica e dispareunia. Pelo risco de malignidade, porém, todos eles exigem tratamento cirúrgico, o qual pode ser feito via abdominal, sacral (posterior) ou combinado. O emprego da abordagem cirúrgica de Kraske permite exposição adequada para certas lesões císticas que se estendem acima do nível sacrococcígeo, é realizada pela excisão do cóccix para acesso posterior ao reto com o paciente em posição de prona e tem sido bastante utilizada para lesões em reto médio e baixo pela baixa morbidade associada ao procedimento.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 33 anos, estava com 22 semanas de gestação em dezembro/2020 quando iniciou trabalho de parto prematuro, submetida à cesárea de urgência. Recebeu alta, mas no 4° dia de pós-operatório foi reinternada por dor pélvica intensa e febre. Submetida a tomografia de abdome e pelve com contraste que evidenciou formação cística de paredes levemente espessas no espaço pré-sacral, deslocando anteriormente o retossigmoide, útero e bexiga, medindo 13,0 x 10,3 x 9,5 cm (661 cm³). Submetida à laparoscopia diagnóstica, sem achados significantes. Recebeu alta com melhora clínica, porém persistia com dor pélvica de forte intensidade, dispareunia, constipação e proctalgia intensa de caráter progressivo, além de abaulamento em região vaginal. Colonoscopia de 26/02/2021 foi sugestiva de compressão extrínseca, sem lesões associadas. Realizado ultrassom endorretal 3D 10/05/2021: lesão pré-sacral localizada na hemicircunferência posterior e no quadrante anterolateral direito, envolvendo 50% da circunferência anorretal, na altura do canal anal superior, junção anorretal e reto inferior. Planos de clivagem definidos com a musculatura esfincteriana e com as camadas da parede retal, evidente proximidade com o puborretal. A paciente foi submetida à abordagem cirúrgica em 24/06/2021: ressecção de cisto pré-sacral pela técnica de Kraske sem intercorrências. Recebeu alta no 4° pós-operatório sem intercorrências. Está em acompanhamento ambulatorial com melhora importante das queixas clínicas apresentadas.

DISCUSSÃO

A ressecção na cirurgia de Kraske deve respeitar critérios oncológicos com margens seguras para evitar disseminação e futuras recorrências. Devido à localização e, principalmente, nos casos de lesões volumosas, existe risco de perfuração do reto, perfuração tumoral com disseminação local, de lesão nervosa e sangramentos de difícil controle. Apesar disso, a morbidade cirúrgica é reduzida com baixas taxas de complicações a médio e longo prazo, sendo a principal delas a fístula reto-cutânea. Pelos efeitos compressivos das lesões localizadas nessa região, a sua ressecção cirúrgica culmina em melhora importante da qualidade de vida como visto no caso acima.

PALAVRAS CHAVE

CISTO PRÉ-SACRAL, TUMOR PRÉ-SACRAL, KRASKE, CIRURGIA DE KRASKE, TÉCNICA DE KRASKE

Área

MISCELÂNEA

Instituições

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO - Ceará - Brasil

Autores

CAMILA BURGOS RIBEIRO DA PENHA, DAVID GUERREIRO FERREIRA, LARYSSA COELHO PINHEIRO, CAROLINA VANNUCCI VASCONCELOS DIOGENES, EMANUELA SANTOS CORREIA, LARA BURLAMAQUI VERAS, LUANA AKEMI ALVES ARAUJO, BRUNO CASTRO SILVA