Dados do Trabalho


TÍTILO

TECNICA DE MARTIUS PARA FISTULA RETOVAGINAL RECIDIVADA

INTRODUÇÃO

As fístulas retovaginais correspondem a menos de 5% dos casos de fístulas anorretais e comunica o canal anal/reto com a vagina, sendo consideradas uma doença desafiadora para as mulheres devido aos estigmas sociais e sofrimento sexual, prejudicando a qualidade de vida. Essa afecção pode ser resultante dos traumas obstétricos, doença de Crohn ou irradiação pélvica. São classificadas de acordo com a posição: em altas ou baixas e em simples ou complexas. Dentre as opções cirúrgicas, a utilização do flap do músculo bulbocavernoso (Martius) após a correção da fístula reto-vaginal é utilizada nos casos complexos e recorrentes, com obtenção de boa resposta e baixa taxa de recidiva local.

RELATO DE CASO

Paciente, 62 anos, G3P3A0, refere que após realização de perineoplastia em 2018 evoluiu com dor local, abscesso e necessidade de reinternação seguida de nova abordagem e antibioticoterapia endovenosa. Recebeu alta para acompanhamento ambulatorial. Evoluiu com eliminação de secreção pela vagina persistente após procedimento. Após 3 meses de tentativas de tratamento clínico sem resposta, foi submetida a investigação diagnóstica e confirmado presença de fístula reto-vaginal. Segui o tratamento cirúrgico para correção da fístula (abordagem transvaginal). Evoluiu sem cicatrização da ferida, com eliminação de secreção mesmo após 2 meses do procedimento. Relata eliminação de secreção amarelada e com aspecto de fezes pela vagina. Procurou o Serviço de Coloproctologia do HUWC e submetida a avaliação completa. Realizou ultrassom anorretal 3D que demonstrou a presença da fistula reto-vaginal com o trajeto cruzando a musculatura na borda proximal. Foi indicado abordagem transperineal, correção da fistula e avanço do músculo bulbocavernoso. Não houve complicações trans-operatória. Ocorreu deiscência da sutura da vaginal em dois pontos que evoluiu com fechamento por segunda intenção. Permanece no 40 dia PO sem sinais clínicos de recidiva.

DISCUSSÃO

A abordagem cirúrgica das fístulas retovaginais pode ser realizada por via transanal, transvaginal, perineal ou abdominal, de acordo com a localização. A técnica de Martius é adotada para fístulas retovaginais baixas recidivadas ou complexas e tem taxa de sucesso de 65-100%. É utilizado um enxerto de musculatura do bulbocavernoso (com preservação de seu pedículo vascular inferior) e dos grandes lábios da paciente, separando o septo retovaginal da região de defeito identificada. É importante manter, tanto quanto possível, o aspecto estético, tanto da área labial como da vaginal, assim como o calibre e profundidade vaginais. Em geral, estes procedimentos são bem tolerados e produzem impacto mínimo em termos de função sexual/qualidade de vida. É um procedimento cada vez mais utilizado pela facilidade técnica, rápida recuperação e baixas taxas de complicações

PALAVRAS CHAVE

FÍSTULA RETOVAGINAL, RECIDIVA FÍSTULA RETOVAGINAL, MARTIUS, TÉCNICA DE MARTIUS, FÍSTULAS ANORRETAIS

Área

MISCELÂNEA

Instituições

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO - Ceará - Brasil

Autores

CAMILA BURGOS RIBEIRO DA PENHA, DAVID GUERREIRO FERREIRA, LARYSSA COELHO PINHEIRO, STHELA MARIA MURAD REGADAS, CAROLINA VANNUCCI VASCONCELOS DIOGENES, FRANCISCO SERGIO PINHEIRO REGADAS FILHO, LUCAS DE SOUZA ALBUQUERQUE, LUIZA KAROLAYNE ROCHA RODRIGUES