Dados do Trabalho


TÍTULO

RELATO DE CASO- EFEITOS DEVASTADORES DA RADIOTERAPIA E TRATAMENTO DAS SEQUELAS ACTINICAS

INTRODUÇÃO

A radioterapia é uma modalidade de tratamento muito utilizada em tumores pélvicos. Pode ser utilizada no tratamento de câncer de reto, colo do útero ou câncer prostático. Tem como benefícios o controle oncológico local, a redução e a regressão completa da lesão tumoral. Facilita o tratamento cirúrgico posterior, possibilita ressecções oncológicas R0 e diminui a taxa de recorrência tumoral local. No entanto, a literatura relata efeitos tóxicos agudos, como diarreia, dermatite, dor pélvica, náuseas e fraqueza em cerca de 50% dos pacientes. Os efeitos a longo prazo mais relatados são fibrose, alterações da continência urinária, fecal, infertilidade e disfunções sexuais. Tais complicações impactam na qualidade de vida dos pacientes e trazem maior morbidade.

RELATO DE CASO

Paciente, 54 anos, teve diagnóstico de adenocarcinoma de colo uterino em 2018, estadiamento IVa, submetida a radio e quimioterapia. Teve boa evolução oncológica. Admitida na urgência em maio/2021 com drenagem de fezes e urina pela vagina e dor intensa associado. Exame físico e de imagem evidenciando complicação actínica grave: erosão completa de parede vaginal anterior e parede posterior de bexiga, ambas comunicantes, púbis erodido. Fistula retovaginal a 2 cm da BA. Sem sinais de recidiva tumoral.
Optado por abordagem cirúrgica no dia 15/06/2021. Achado cirúrgico de fibrose intensa e inflamação de aspecto actínico em órgãos pélvicos, sigmoide proximal e alças de delgado. Bexiga aberta, atrófica, aderida a parede vaginal. Realizada exenteração pélvica total, amputação anal e vulvectomia total. Confeccionado colostomia úmida à esquerda. Rotação de retalho miocutâneo do reto abdominal direito para reconstrução perineal. Fechamento de parede abdominal com rotação medial de retalho da bainha anterior do reto abdominal esquerdo. Paciente apresentou no pós-operatório: íleo paralítico, eventração e coleções abdominais pequenas. Melhora completa com tratamento clínico, sem necessidade de reabordagem cirúrgica.

DISCUSSÃO

As sequelas da radioterapia variam de acordo com a dose utilizada, tempo de exposição e características de cada paciente. A perda da funcionalidade dos órgãos pélvicos tem grande impacto na qualidade de vida e o tratamento das complicações é complexo, envolve equipe multidisciplinar especializada. Apesar dos inúmeros benefícios oncológicos, a radioterapia tem grande morbidade, devendo ser discutido técnicas cirúrgicas para reduzir o impacto das sequelas actínicas na pelve. O fechamento do oco pélvico com retalho muscular do reto abdominal é uma opção válida, a pele da parede abdominal, não irradiada, também pode se utilizada, levando tecido saudável, bem irrigado a uma região fibrosada, garantindo melhor cicatrização e prevenindo de complicações futuras.

PALAVRAS CHAVE

radioterapia, câncer de reto, exenteração pélvica

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Hospital das Clínicas da UFMG - Minas Gerais - Brasil

Autores

GABRIELA DE CASSIA GOMES SILVA, LUIZA ROGERIO, MAGDA MARIA PROFETA DA LUZ, ANA CAROLINA PARUSSOLO ANDRE, KELLY CRISTINE DE LACERDA RODRIGUES BUZATTI, RENATO GOMES CAMPANATI, BERNARDO HANAN, RODRIGO GOMES DA SILVA