Dados do Trabalho


TÍTULO

EXPERIENCIA INICIAL COM A RADIOTERAPIA DE CURSO CURTO NO MANEJO DO ADENOCARCINOMA DE RETO

OBJETIVO

Há 20 anos, o benefício da radioterapia (RDT) de curso curto no câncer de reto tem se fundamentado. Atualmente, a RDT 5Gyx5d é utilizada com várias finalidades: neoadjuvante seguida de cirurgia com ou sem tempo de espera; neoadjuvante seguida de quimioterapia (QT) de consolidação no tempo de espera ou até tratamento local inicial com metástase ressecável. A vantagem do curso curto é a redução do tempo de RDT, diminuição de custo, menor espera por vaga e maior brevidade até a cirurgia. Objetiva-se, portanto, descrever a experiência inicial com a RDT de curso curto no manejo do adenocarcinoma de reto extraperitoneal.

MÉTODO

Estudo observacional de prognóstico dos pacientes com tumor de reto predominantemente extraperitoneal diagnosticados em dois serviços de referência nos anos de 2019 e 2020, que foram submetidos a RDT de curso curto. A amostra foi analisada quanto aos dados demográficos, características das indicações, complicações da RDT e da cirurgia, peça cirúrgica e sobrevida global.

RESULTADOS

Vinte e cinco pacientes foram incluídos. A maioria homens com média de idade de 57 anos. Reto médio foi a localização predominante na amostra (44%) e estadio clínico III foi o mais comum (52%). A RDT de curso curto foi indicada como terapia neoadjuvante em 76% da amostra. Seis pacientes já com metástases (ressecáveis) fizeram RDT de curso curto na tentativa de obter breve controle local, sendo que dois deles seguiram com QT de consolidação. A maioria (76%) operou até 14 dias após o término da RDT. Abscesso tumoral durante a RDT foi a única complicação. Todos os pacientes foram operados com ressecção R0, exceto dois estadio IV que apresentaram margem radial comprometida. A cirurgia mais realizada foi a retossigmoidectomia abdominal (76%), com tempo médio de internação de nove dias. Onze pacientes evoluíram com complicações no pós-operatório (44%): quatro Clavien-Dindo grau III. As complicações mais comuns foram deiscências anastomóticas (duas) e íleo paralítico. Detectou-se regressão tumoral mínima nas peças cirúrgicas, no entanto, houve uma resposta patológica completa. A média de número de linfonodos dissecados na peça cirúrgica foi alta (20 linfonodos). Quatro pacientes não realizaram QT adjuvante. Quatro pacientes evoluíram com estenose de anastomose como complicação tardia. Dos pacientes estadio IV que fizeram RDT e operaram, todos progrediram com doença sistêmica irressecável. O único paciente que operou a metástase fez RDT seguida de QT de consolidação. A média da sobrevida geral foi de 15 meses, sendo a maioria vivo sem doença (72%), cinco vivos com doença e dois óbitos.

CONCLUSÕES

A RDT de curso curto pode ser uma alternativa para o início precoce da QT sistêmica. Não deve ser esperada grande regressão tumoral, principalmente quando a cirurgia for realizada com tempo de espera abreviado. O uso desse tratamento em cenário metastático ressecável deve ser melhor avaliado, pois a progressão de doença sistêmica é muito comum.

PALAVRAS CHAVE

Câncer do Reto,
Neoplasia do Reto, Radioterapia Neoadjuvante, Radioterapia, Quimioterapia, Cuidados pré operatórios

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

ALINE CELEGHINI ROSA VICENTE, RAISSA OLIVEIRA MOLINA, DANIELA DE MENEZES MIZIARA, FAIGHA BARBOSA PARZIANELLO, BERNARDO FONTEL POMPEU, FERNANDA BELLOTTI FORMIGA, LUIS EDUARDO SILVA MÓZ, FANG CHIA BIN