Dados do Trabalho


TÍTULO

USO DA ESCALA PHQ-9 PARA ESTIMAR A DEPRESSAO EM PACIENTES COM DOENÇA DE CROHN EM UM AMBULATORIO DE REFERENCIA DE SAO PAULO, BRASIL

OBJETIVO

Uso da escala PHQ-9 na detecção de sintomas depressivos em pacientes com DC.

MÉTODO

Participaram 283 pacientes e o diagnóstico da DC baseou-se em critérios clínicos, endoscópicos, radiológicos e histológicos. A atividade da doença foi avaliada pelo índice de Harvey-Bradshaw (HBI) e os sintomas depressivos foram avaliados pelo instrumento PHQ-9. Os dados sócio demográficos foram coletados e avaliados.

RESULTADOS

A percentagem de pacientes do sexo masculino e feminino foi de 41,3% e 58,7%, respectivamente. A média de idade foi 45,5 anos. A maioria declarou ser casado (51,6%), não fumante (82,0%), católico (43,1%), possuir ensino médio (40,6%), receber até 3 salários mínimos (60,4%) e com cirurgia devido a DC (65,8%). A primeira manifestação da doença ocorreu aos 32,6 anos, em média e a duração média com a doença foi de 13,2 anos. A faixa etária de diagnóstico da doença foi maior entre 20 e 40 anos (67,8%). A maioria dos pacientes (65,7%) já tinha passado por pelo menos uma cirurgia na linha de base. As mais realizadas foram a fistulectomia anal (25,8%) seguida da colectomia direita (22,3%) e enterectomia (20,1%). Doença ativa estava presente em 45,3% sendo que desses 32,2% era moderada e 13,1% apresentavam doença grave. O sexo feminino apresentou maior chance de risco de depressão (PHQ-9 ≥ 10, p < 0,001). Para outros fatores como idade, escolaridade, renda mensal, situação conjugal, religião e tabagismo, as diferenças não foram estatisticamente significativas. A grande maioria 41,7% estavam com risco de depressão grave (escore PHQ-9 ≥10). A atividade clínica da doença, de acordo com HBI, demonstrou que 85,2% dos pacientes com doença ativa apresentavam depressão grave. Dos 155 pacientes em remissão, apenas 9 (5,8%) estavam com depressão grave e todos eram do sexo feminino (IC 95%, 40,54-213,64, p<0,001). Pacientes com DC ativa apresentaram aproximadamente ~800 vezes mais chance de depressão grave (OR 796,0 IC 95%: 133,7 4738,8) do que os pacientes em remissão clínica. A duração da doença foi inversamente correlacionada com a depressão (p>0,05).

CONCLUSÕES

A depressão e DC são patologias que tendem a caminharem juntas. O risco de depressão em pacientes com DC é significativamente maior quando a doença está ativa. É crucial a necessidade de abordagem multidisciplinar em portadores de DC, com acompanhamento psiquiátrico e tratamento adequado. Apesar do PHQ-9 ser incapaz de fornecer um diagnóstico definitivo da depressão, nosso trabalho traz informações úteis que podem estimular novos estudos com este enfoque e contribuir na gestão política de saúde com portadores de DII.

PALAVRAS CHAVE

DEPRESSÃO, DOENÇA DE CROHN, PHQ-9

Área

DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO

Instituições

HCFMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

CAROLINA BORTOLOZZO GRACIOLLI FACANALI, CARLOS WALTER SOBRADO, LUCAS RODRIGUES BOARINI, MARCELO RODRIGUES BORBA, IVAN CECCONELLO, SERGIO CARLOS NAHAS