Dados do Trabalho


TÍTULO

CARCINOMA ESPINOCELULAR DE RETO: RELATO DE CASO DE UMA NEOPLASIA RARA

INTRODUÇÃO

O carcinoma espinocelular (CEC) do reto é uma neoplasia maligna rara, com incidência aproximada entre 0,002-1% das neoplasias malignas colorretais. Os critérios diagnósticos incluem o não envolvimento do canal anal, ausência de outro CEC invasivo por contiguidade e a ausência de diferenciação glandular. O seu comportamento biológico é controverso, porém algumas teorias foram propostas. A definição terapêutica é atualmente o que fomenta as discussões a respeito do tema.

RELATO DE CASO

J.F.S., 49 anos, feminino, deu entrada no HMGV em maio/2020 com queixa de hematoquezia e perda ponderal de 10kg em 8 meses. Ao exame proctológico, apresentava lesão vegetante a 4cm da borda anal, friável, endurecida e aderida a planos profundos. Canal anal sem evidência neoplasias. Procedida a investigação diagnóstica, realizadas colonoscopia, TC de tórax e abdome e RNM de pelve, confirmando a doença em reto distal, sem evidência de metástases a distância. A paciente recebeu alta e retornou ao ambulatório com resultado de anatomopatológico, o qual mostrou tratar-se de CEC infiltrante, moderadamente diferenciado em reto. Encaminhada ao serviço de Oncologia, sendo optado pelo tratamento de acordo com o tipo histológico. Iniciada QT/RT com fins curativos, com término em 01/09/20. Realizado acompanhamento mensal da paciente com toque retal e exames complementares por 6 meses até completa regressão e desaparecimento da lesão, confirmada por RNM e colonoscopia com biópsia. Estudo anatomopatológico de nova biópsia não identificou malignidade no material. Paciente segue em acompanhamento ambulatorial, sem sinais de recidiva local ou metástases à distância.

DISCUSSÃO

A patogênese do CEC de reto é incerta, porém, acredita-se que possa estar relacionada ao aumento da proliferação de células basais após agressão de mucosa. Os sinais e sintomas incluem sangramento gastrointestinal, alterações do hábito intestinal, tenesmo e perda de peso. Os fatores de risco incluem infecções pelo HPV e HIV, tabagismo, esquistossomose e doenças inflamatórias intestinais. É importante descartar outras etiologias mais comuns quando a histologia é sugestiva de CEC, tais como a confirmação de localização em reto e ausência de acometimento do canal anal e neoplasia do colo do útero por contiguidade. O padrão atual de tratamento é o mesmo do adenocarcinoma. Entretanto, alguns estudos apoiam o uso de QT/RT como uma estratégia eficaz, pois grande parte dos pacientes que não foram submetidos à cirurgia, não obtiveram aumento na recidiva local e não necessitaram de cirurgia de resgate. O CEC de reto é raro e o seu tratamento permanece controverso. Há uma tendência global para a padronização da utilização de QT/RT para o tratamento do CEC de reto. Apesar dos estudos recentes serem promissores, as informações na literatura são limitadas e ainda há necessidade de maiores avanços científicos e criação de protocolos para o tratamento da doença, sendo necessário individualizar os casos.

PALAVRAS CHAVE

Carcinoma espinocelular de reto; CEC de reto; Quimioterapia; Radioterapia; Câncer colorretal; Câncer de ânus.

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Hospital Municipal de Governador Valadares - Minas Gerais - Brasil

Autores

RAFAELA BRANDÃO ARAÚJO, HANA JERMANI COELHO, GEOVANA KLOSS, PEDRO HENRIQUE OLIVEIRA LIMA, ARTHUR ROSADO QUEIROZ