Dados do Trabalho


TÍTULO

A ASSOCIAÇAO DE TECNICAS DE ENDOSCOPIA TERAPEUTICA NO TRATAMENTO DA ESTENOSE DE ANASTOMOSE COLORRETAL – UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Complicações de anastomoses colorretais estão associadas a aumento da morbimortalidade dos pacientes, incluindo a necessidade de reoperação. Entre as possibilidades terapêuticas menos invasivas estão as técnicas de endosocopia terapêutica, como a estenostomia, a estenectomia, a dilatação balonada e o posicionamento de próteses, com indicações precisas a depender do tipo de estenose.

RELATO DE CASO

Paciente feminina 52 anos, diagnóstico de doença de Chagas, com passado de episódios de volvo de sigmoide, submetida a retossigmoidectomia com anastomose colorretal a Duhamel-Haddad modificada e ileostomia em alça em janeiro de 2018. Colonoscopia e enema baritado de controle evidenciaram estenose completa da anastomose colorretal, sendo feita proposta de tratamento endoscópico. Realizados exames endoscópicos simultâneos pela boca distal da ileostomia e pelo ânus, sendo evidenciada trans-iluminação em área cicatricial brancacenta compatível com sítio de anastomose prévia. Através da abordagem retal, procedida incisão na área de retração cicatricial com Needle Knife em modo de Endocut, seguida de posicionamento de fio guia hidrofílico através da incisão e posteriormente dilatação com balão hidrostático de 12mm. Revisão endoscópica evidenciou comunicação da luz colônica e retal com extensão para retroperitôneo. Optado por manter fio guia, iniciar antibioticoterapia e realizar exame de controle em 7 dias. Colonoscopia de controle evidenciou área de estenotomia pérvia, com recesso em cicatrização (compatível com a região de extensão prévia para retroperitoneo), e posicionamento de prótese metálica totalmente revestida, de 10cm de comprimento e 20mm de diâmetro no corpo e 25mm nas flanges com fixação proximal com 2 clipes metálicos. Revisão endoscópica após 4 meses evidenciou prótese bem posicionada, sem intercorrências. Procedida sua retirada e fechamento da ileostomia em alça na mesma internação. Paciente em controle ambulatorial de 6 meses, sem queixas.

DISCUSSÃO

As anastomoses colorretais constituem a principal causa de estenose benigna. Os fatores de risco mais comum são fístulas anastomóticas, anastomoses ultrabaixas, infecção pélvica, inadequada mobilização do cólon, radioterapia pós-operatória. Diversos tratamentos endoscópicos são propostos, a depender do caso. As incisões endoscópicas, estenostomia e estenectomia, têm boas taxas de sucesso, mas com indicação limitada a estenoses curtas (<1cm). A dilatação endoscópica balonada progressiva é considerada como tratamento de primeira linha com boa segurança e eficácia. O posicionamento de próteses metálicas mostra-se boa opção para estenoses distais e refratárias, devendo-se levar em consideração o alto risco de migração da prótese. A associação de técnicas de endoscopia terapêutica – estenostomia, dilatação balonada e posicionamento de prótese metálica - proporcionou bom resultado na recuperação da anastomose colorretal prévia, evitando reabordagem cirúrgica.

PALAVRAS CHAVE

ESTENOSE ANASTOMÓTICA, TRATAMENTO ENDOSCÓPICO, COMPLICAÇÕES DA ANASTOMOSE

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UFMG - Minas Gerais - Brasil

Autores

LIVIA CARDOSO REIS, BERNARDO HANAN, RENATO GOMES CAMPANATI, MAGDA MARIA PROFETA DA LUZ, RODRIGO GOMES DA SILVA