Dados do Trabalho


TÍTULO

CIRURGIA DE ALTEMEIER NO PROLAPSO RETAL ASSOCIADO A MIIASE - RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O prolapso retal é uma afecção relativamente rara, que é mais comum em mulheres acima dos 50 anos de idade, mas que também pode ocorrer em homens jovens e ainda em crianças. Pode ser oculto (quando não se exterioriza pelo ânus), incompleto (quando há prolapso apenas da mucosa) ou completo (prolapso de espessura total da parede). Sua etiologia ainda não está bem definida. Apresenta diagnóstico eminentemente clínico e os exames complementares geralmente são para avaliar condições associadas. O tratamento do prolapso retal é cirúrgico e existem diversas técnicas operatórias, seja por via perineal ou por via abdominal, devendo ser escolhida a que mais se adequa ao paciente e à expertise do cirurgião, com taxa de recidiva considerável e variável a depender da técnica escolhida. Com relação à miíase, trata-se de uma doença conhecida nas Américas desde o tempo colonial e pode ser classificada como externa, na forma cutânea, ou interna, nas formas intestinal e cavitária.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 57 anos, moradora de rua, encaminhada ao serviço ambulatorial de Coloproctologia da Santa Casa de Fortaleza com queixa de "hemorroida" há 7 dias, associado a dor local e constipação de longa data. Tabagista, etilista, usuária de drogas ilícitas e multípara. Apresentava ao exame físico prolapso retal de 10 cm associado a infestação por miíase em lesão ulcerada na mucosa. Foi internada em caráter de urgência e iniciado antibioticoterapia e ivermectina, sendo então submetida a cirurgia de Altemeier após inicialmente remoção das larvas, visto que não houve acometimento do complexo esfincteriano. Apresentou boa recuperação, tendo alta e seguimento ambulatorial.

DISCUSSÃO

O caso retrata paciente na faixa etária esperada de incidência de prolapso retal. Além disso, possuía queixa de constipação associada, além de tosse crônica pelo tabagismo e de possível comprometimento nutricional pelo contexto do etilismo e socioeconômico. Apesar de ser multípara, estudos mostram não haver relação forte entre paridade e prolapso, visto que cerca de metade das mulheres são nulíparas. com acometimento por miíase, corroborado pelo contexto socioeconômico e distúrbio psiquiátrico presente. Optamos pela abordagem cirúrgica perineal com a cirurgia de Altemeier após a remoção mecânica das larvas, preservando o complexo esfincteriano e obtendo-se excelente resultado. Apresenta menor morbidade, apesar de maior taxa de recidiva, mas evitou-se assim a contaminação da cavidade, principal fator que motivou a escolha da abordagem para a paciente em questão. Na literatura, encontramos relatos de casos de miíase em região anorretal e em prolapso retal que foram tratados cirurgicamente com confecção de colostomia em alça por causa de acometimento e lesão esfincteriana anal importante, o que não ocorreu em nosso caso.

PALAVRAS CHAVE

Prolapso retal; miíase; retossigmoidectomia perineal; cirurgia de Altemeier

Área

URGÊNCIAS COLOPROCTOLÓGICAS

Instituições

Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza - Ceará - Brasil

Autores

NAYANNE DE AZEVEDO FROTA, LÍGIA ALVES VIDAL, RAMIRO ROLIM NETO, GEORGE ANDRADE MARQUES, ALISSON CORDEIRO MOREIRA, RICARDO EVERTON DIAS MONT’ALVERNE, BENJAMIN RAMOS DE ANDREDE JÚNIOR, ADJRA DA SILVA VILARINHO