Dados do Trabalho


TÍTULO

LINFOGRANULOMA VERSUS DOENÇA DE CROHN

INTRODUÇÃO

Relatar caso de doença inflamatória colônica infecciosa em paciente HIV positivo

RELATO DE CASO

Paciente 48 anos, sexo feminino, portadora de HIV com controle inadequado. Encaminhada devido hipótese de Doença de Crohn mediante doença orificial fistulosa extensa e estenose colônica. Calprotectina sem alteração e colonoscopia com estenose em sigmoide, sem progressão do aparelho. Biopsia de trajeto fistuloso com resultado compatível com linfogranuloma venéreo. Durante procedimento evidenciado estenose ileal e presença de ampla coleção fistulizada entre o íleo terminal, cólon transverso e cólon sigmoide. Procedido a amputação com proctocolectomia total e ileostomia terminal. Anatomopatológico apresentou colite inespecífica transmural.

DISCUSSÃO

O diagnostico patológico das doenças inflamatórias pode ser dificultado por processos crônicos e biopsias que não contenham achados patognomônicos, demonstrando a importância de uma boa avaliação clínica, endoscópica e laboratorial para conclusão do caso. No entanto, nem sempre há elucidação diagnostica, levando a maior superestimação de casos mais comuns como Crohn ou Retocolite ulcerativa. Doenças inflamatórias colorretais causadas por infecções são muitas vezes subdiagnosticadas, sendo um dos motivos o desconhecimento médico. O linfogranuloma venereo está entre elas, sendo sua manifestação ulcerosa e linfonodal as mais conhecidas. Desde 2003 as notificações têm crescido em países desenvolvidos, na maioria das vezes associado ao intercurso anal, principalmente em HMH e HIV. É doença sexualmente transmissível, causada pela Chlamydia Trachomatis dos sorotipos L1-3, que em pacientes portadores de HIV a coinfecção alcança 70%. Clinicamente pode se manifestar como proctite, estenose e/ou fistula colorretal. Histologicamente, os casos agudos apresentam infiltrado inflamatório linfo-histiocitário em mucosa e submucosa, associado a moderada criptite e abcessos em criptas. Com a cronificação do processo, essas alterações não são proeminentes. O teste mais confiável é a Reação em Cadeia de Polimerase, cuja disponibilidade é limitada. O tratamento é realizado com doxiciclina oral; no entanto, ela não reverte as alterações em estágios avançados de acometimento colonico.
O caso clínico citado demonstra que o atraso na suspeição precoce de doenças infecciosas, muito comuns em pacientes HIV positivos, muitas vezes compromete o diagnóstico, induzem processos crônicos que podem levar a necessidade de grandes ressecções intestinais, comprometendo a qualidade de vida dos pacientes.

PALAVRAS CHAVE

linfogranuloma venereo, HIV POSITIVO

Área

INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

Instituições

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UFMG - Minas Gerais - Brasil

Autores

GABRIELA DE CASSIA GOMES SILVA, LUIZA ROGERIO, ANA CAROLINA PARUSSOLO ANDRE, RENATO GOMES CAMPANATI, MAGDA MARIA PROFETA DA LUZ, RODRIGO GOMES DA SILVA