Dados do Trabalho


TÍTULO

ABDOME AGUDO PERFURATIVO POR CITOMEGALOVIRUS NA SINDROME DA IMUNODEFICIENCIA ADQUIRIDA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O abdome agudo em paciente com Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é uma situação comum no cotidiano médico. A colite por citomegalovírus (CMV) é uma das doenças oportunistas possíveis em um quadro de imunodeficiência. Contudo, a perfuração intestinal nesses casos é um evento raro. Este relato tem como objetivo apresentar um caso de paciente com SIDA que evoluiu com abdome agudo perfurativo durante a internação.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 27 anos, 38kg, admitida hospitalarmente por quadro de clínico de diarreia sanguinolenta, dor abdominal intensa, vômitos, astenia e perda ponderal de 25Kg em 3 anos. Nega doenças prévias. Na admissão foram solicitadas sorologias para HIV, Sífilis, Hepatite B e C, além de outros exames que evidenciaram anemia ferropriva e hipoproteinemia. Realizada colonoscopia com biópsias, que evidenciou pancolite grave em atividade com lesão ulcerada em cólon transverso, na qual foi aventada a hipótese de Doença de Crohn e assim iniciados corticoterapia e antibioticoterapia. O anatomopatológico evidenciou CMV em atividade e a sorologia para HIV foi positiva e compatível com SIDA grave. Assim, no 11º DIH foi feita uma nova colonoscopia para pesquisa de fungos e micobactérias que evidenciava a melhora da pancolite, especialmente em cólon transverso e sigmóide. Contudo, 5 dias depois a paciente evoluiu com piora clínica, distensão abdominal, vômitos e pneumoperitônio em tomografia. No intra-operatório verificou-se a perfuração de ceco e peritonite fecal sendo realizada colectomia direita com ileotransversostomia. Após longo período de recuperação, recebeu alta, mantendo infusões semanais com Ganciclovir e acompanhamento pela infectologia.

DISCUSSÃO

O CMV é a principal infecção oportunista em pacientes com SIDA. Ocorrendo especialmente quando os níveis CD4 estão abaixo de 100.¹ A perfuração pela colite por CMV é uma complicação rara, mesmo com os agentes oportunistas da SIDA comprometendo o trato gastrointestinal (TGI) em mais de 50% dos casos.² No TGI o cólon é o local mais acometido (47%) seguido por duodeno (21,7%), estômago (17,4%), esôfago (8,7%) e intestino delgado (4,3%). Segundo Goodman et.al. a fisiopatologia está relacionada a manifestação de uma vasculite em submucosa, podendo cursar com trombose, isquemia, ulceração, espessamento, gangrena local, e então, perfuração.³ A clínica da colite por CMV é bastante pleomórfica, variando desde quadros com diarreia aquosa leve até colites fulminantes com abdome agudo. Geralmente os pacientes apresentam anorexia, febre, diarreia e dor abdominal. Já os exames endoscópicos podem variar de inflamação leve e erosões na mucosa até grandes úlceras que mimetizam neoplasias ou doenças inflamatórias intestinais.³ O cirurgião deve considerar, nos quadros graves, a hipótese de colite com perfuração pelo CMV e operar precocemente, de modo a minimizar a morbimortalidade. Por fim, o tratamento precoce com glancicovir, até mesmo pré-operatório, aumenta a taxa de sucesso em casos como este.

PALAVRAS CHAVE

Abdome Agudo; Citomegalovirus; Síndrome de Imunodeficiência Adquirida

Área

MISCELÂNEA

Instituições

Universidade Federal de Goiás - Goiás - Brasil

Autores

ERICKA DE SOUZA, CAMILA PEREIRA OLIVEIRA, LÁZARO LEONARDO MENDES DE OLIVEIRA, GLEIDSON JUNIO OLIVEIRA DE SOUSA, RENATA CRISTINA VIEIRA DE BRITO