Dados do Trabalho
TÍTULO
RECIDIVA PELVICA E PERINEAL TARDIA DE CANCER COLORRETAL ASSOCIADA A DOENÇA DE CROHN: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Os pacientes com doença inflamatória intestinal (DII) estão sujeitos a um risco aumentado de desenvolvimento do câncer colorretal (CCR), principalmente devido a inflamação crônica da mucosa intestinal. Apesar da diminuição da incidência nos últimos anos, a melhora da vigilância diagnóstica, a alta tecnologia envolvida na colonoscopia e o melhor controle da inflamação da mucosa com o uso dos biológicos, o CCR ainda é um desafio médico nesses pacientes por representar 10 a 15% de todas as causas de morte em DII. O objetivo é relatar recidiva perineal tardia de CCR em Doença de Crohn, bem como, as implicações da DII nos protocolos do tratamento do CCR.
RELATO DE CASO
Masculino, 69 anos, encaminhado com retocolite ulcerativa – pancolite há 10 anos, utilizando mesalazina, sem remissão clínica. Evoluiu com manifestações infecciosas perineais, contribuindo para a definição do diagnóstico da Doença de Crohn. Não haviam outras manifestações digestivas e enteroressonância sem acometimento de delgado. Ao exame proctológico apresentava lesão tocável, endurecida a 5 cm da margem anal. Colonoscopia evidenciou-se lesão polipoide extensa retal compatível com displasia associada a lesão ou massa (DALM), com histopatológico de adenoma túbulo-viloso com displasia de alto grau. Realizado exame sob anestesia com novas biópsias da lesão e diagnóstico final de adenocarcinoma bem diferenciado. Realizado estadiamento sem sinais de disseminação da doença. Submetido a amputação abdominoperineal do reto, incluindo trajetos fistulosos, com colectomia total e linfadenectomia. Estadiamento patológico pT2N0M0. Realizado seguimento clássico durante os 5 anos sem sinais das duas doenças. Iniciou com sintomas urinários dois anos após a alta oncológica, e durante a investigação foi diagnosticado recidiva tardia, com invasão de uretra, base do pênis, próstata, musculatura obturadora e ísquio, com histopatológico sugestivo de recidiva perineal.
DISCUSSÃO
O CCR pode ocorrer sem a detecção prévia de displasia nas DII e a alta taxa de câncer sincrônico e metacrônico associados ao achado de displasia de alto grau em biópsias geralmente levam a colectomia total. A atenção clínica se deve ao fato de que até mesmo displasias de baixo grau podem ser acompanhadas por alto grau ou câncer sincrônico. O CCR pode ser uma complicação das DII, devendo-se respeitar os protocolos diagnósticos e terapêuticos. O mesmo pode ocorrer sem a detecção prévia de displasias e inclui a presença de eventuais pólipos. O tratamento empregado pode ser curativo, embora deva respeitar a complexidade terapêutica de ambas as enfermidades. Neste caso, a doença inflamatória com manifestações perianais foi determinante para a não execução de neoadjuvância clássica, podendo ter contribuído para o retardo do diagnóstico e do tipo de recidiva encontrado.
PALAVRAS CHAVE
Recidiva; Câncer colorretal; Doença de Crohn; Doença inflamatória intestinal
Área
DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO
Instituições
Hospital da PUC-Campinas - São Paulo - Brasil
Autores
LEANDRO MINATEL VIDAL NEGREIROS, ARIANE CAETANO HARDY, MATHEUS JUNQUEIRA PEREIRA CAMARGO, JOÃO JOSÉ FAGUNDES, PRISCILLA SENE PORTEL OLIVEIRA, SILVIO AUGUSTO CIQUINI