Dados do Trabalho
TÍTULO
ADENOCARCINOMA RECIDIVADO DECORRENTE DE LESAO DE CRESCIMENTO LATERAL EM MEGACOLON CHAGASICO: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
O aparecimento dos adenomas e do câncer colorretal (CCR) é raro no megacólon chagásico, ao contrário do megaesôfago que está associado a maior predisposição para o desenvolvimento do câncer. A literatura é escassa, com poucos relatos da associação entre as doenças. Apesar da dilatação do órgão e da estase fecal, não parece haver maior incidência do CCR nesses pacientes. O objetivo desse estudo foi demonstrar um achado incomum de uma lesão de crescimento lateral (LST) com evolução para adenocarcinoma em paciente com megacólon chagásico tratado inicialmente via endoscópica.
RELATO DE CASO
Feminino, 81 anos, chagásica, operada devido megacólon e megaesôfago há mais de 20 anos. Durante os últimos 10 anos de seguimento realizou endoscopias, retossigmoidoscopias e duas colonoscopias. Foi evidenciado em dezembro de 2016 LST, do tipo granular heterogênea no reto, de aproximadamente sete centímetro, sendo diagnosticado adenoma túbulo-viloso com displasia de baixo grau. Procedeu-se a exérese endoscópica da lesão, onde foram retirados vários fragmentos, com focos de adenocarcinoma bem diferenciado em adenoma túbulo-viloso do reto, infiltrativo na submucosa. Margens de ressecção profunda livres de lesão. Respeitada as condições clínicas da paciente, optou-se por conduta observacional e de seguimento com exames. Seis meses após, em colonoscopia de controle notou-se uma área plana de 3 mm e outra área elevada de 4 mm na região cicatricial, anatomopatológico sugestivo de pólipo hiperplásico. A partir do diagnóstico de adenocarcinoma optou-se por seguimento oncológico. No final do terceiro ano, evoluiu com quadro sintomático, dor perineal, elevação do CEA, e linfonodos ilíacos à esquerda. Ao exame histopatológico desses linfonodos demonstrou-se adenocarcinoma. Paciente evoluiu com piora clínica progressiva, apesar do início do tratamento quimioterápico, evoluiu a óbito por complicações clínicas decorrentes do mesmo.
DISCUSSÃO
A estase fecal associada a dilatação colônica a princípio propiciariam o desenvolvimento do CCR. Porém, diversos estudos mostraram associação negativa entre as patologias. As justificativas para a baixa incidência do CCR no megacólon chagásico passam por diminuição da proliferação epitelial, da taxa de divisão celular e da concentração de beta catenina nas criptas, associado a toda resposta imunológica frente ao T. cruzi e a célula neoplásica. As lesões precursoras, bem como o CCR são achados extremamente incomuns no megacólon. Os sintomas podem levar a dúvidas diagnósticas e os exames endoscópicos podem ser executados. No caso em questão, os exames endoscópicos foram satisfatórios para diagnosticar a doença. Nesse caso, o seguimento instituído não foi suficiente para mudar o prognóstico. A morbidade decorrente da idade e da lesão avançada impediram o tratamento oncológico completo, dando um caráter paliativo ao caso.
PALAVRAS CHAVE
Megacólon chagásico, câncer colorretal, LST
Área
CÂNCER COLORRETAL
Instituições
Hospital da PUC-Campinas - São Paulo - Brasil
Autores
LEANDRO MINATEL VIDAL NEGREIROS, ARIANE CAETANO HARDY, LUCIANA CAROLINE DAMASCENO PENATTI, LIX ALFREDO REIS OLIVEIRA, JOÃO JOSÉ FAGUNDES, ROSÂNGELA DELIZA, PRISCILLA SENE PORTEL OLIVEIRA, SILVIO AUGUSTO CIQUINI