Dados do Trabalho


TÍTULO

FISTULA ARTERIOVENOSA TRAUMATICA DE ARTERIA ILIACA INTERNA COMO CAUSA DE HEMORRAGIA DIGESTIVA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O trauma penetrante é a segunda causa de lesão traumática vascular. O diagnóstico precoce de Fístulas Arteriovenosas (FAV) tem repercussão direta no prognóstico do paciente. A artéria ilíaca normalmente não está envolvida.
Relatamos, com o objetivo de demonstrar uma etiologia incomum de enterorragia, o caso de um paciente que se apresentou com sangramento retal volumoso.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 35 anos, admitido no serviço de emergência de um Hospital Terciário, por enterorragia volumosa. Na admissão, encontrava-se taquicárdico, normotenso, abdome plano, compressível e indolor a palpação; na inspeção anal apresentava hemorroidas externas e internas, toque retal doloroso. História prévia de laparotomia por ferimento por arma de fogo (FAF) há 12 anos.
Optou-se por hemorroidectomia após estabilização inicial. O paciente passou por mais quatro procedimentos de urgência, devido a novos sangramentos com instabilidade hemodinâmica. Acionada cirurgia vascular após palpação de massa pulsátil perianal durante procedimento. Ao exame apresentava massa pulsátil com frêmito em fossa ilíaca direita (FID), com frêmito e sopro sistólico-diastólico no pulso femoral direito. Angiotomografia (Angio-TC) evidenciou ectasia da veia cava inferior (37mm); múltiplas colaterais de veias ilíacas externa e interna à direita, além de colaterais na fossa pélvica e plexo hemorroidário. Na arteriografia observou-se artérias ilíacas comum e externa direita pérvias e com calibre aumentado; artéria ilíaca interna direita ocluída na origem, com oclusão de curto segmento e reperfusão por colaterais com presença de fístula.
Para o tratamento da FAV de artéria e veia ilíaca interna direita foi optado por embolização com molas , após falha do tratamento inicial o paciente evoluiu com instabilidade hemodinâmica, optado por tratamento cirúrgico de emergência com abordagem cirúrgica direta da FAV via acesso retroperitoneal, dessa vez com evolução favorável e resolução do caso.

DISCUSSÃO

A FAV é uma das complicações do trauma vascular por mecanismo penetrante, correspondendo a 7% dos casos. Sendo infrequente a localização de FAV descrita nesse caso.
O diagnóstico das FAVs depende da correlação entre anamnese e exame físico completo. O paciente em questão, apresentou alterações clínicas após 12 anos do trauma. Não encontramos na literatura um período de progressão de FAV igual ou maior que este.
Não foi encontrado nenhum trabalho na literatura que descrevesse episódio de enterorragia associado à FAV de artéria ilíaca interna. A abordagem cirúrgica direta da lesão com sutura arterial e ligaduras venosas, como realizado neste caso, é a forma de tratamento mais utilizada.
Estudos documentaram morbidade elevada correções cirúrgicas de FAV ilíaca. Nesse caso, havia dilatação dos vasos acometidos e exuberante circulação colateral, decorrente do diagnóstico tardio.
Dessa forma, ressaltamos a importância do diagnóstico precoce para evitar desfechos desfavoráveis.

PALAVRAS CHAVE

Enterorragia, fístula arteriovenosa, artéria ilíaca

Área

MISCELÂNEA

Instituições

Hospital Universitário Evangélico Mackeznie - Paraná - Brasil

Autores

CAROLINA KUTSCHER ULGUIM, ANA HELENA BESSA GONÇALVES VIEIRA, ANDRÉ LUIZ MUXFELDT KLAIS, ANTÔNIO SÉRGIO BRENNER, HENRIQUE LUCKOW INVITTI, KELRE WANNLEN CAMPOS SILVA ARAUJO, RUBENS VALARINI