Dados do Trabalho
TÍTULO
BAÇO ACESSÓRIO NO DIAGNOSTICO DIFERENCIAL NA INVESTIGAÇÃO DE PLENITUDE GÁSTRICA
INTRODUÇÃO
O baço é um órgão intra-abdominal que se origina da ectoderme. É possível que durante sua formação ocorra uma falha no desenvolvimento do tecido esplênico ectópico, que, separado do corpo esplênico principal, origina um ou mais baços acessórios. Estima-se que o baço acessório ocorra em 10% a 30% da população. O objetivo deste relato é apresentar o baço acessório como diagnóstico diferencial em um caso de investigação de plenitude gástrica.
RELATO DE CASO
Paciente, sexo feminino, 45 anos, com histórico de saciedade precoce e sensação de incômodo em hipocôndrio esquerdo há 3 meses. Ao exame físico não apresentava alterações, mas a realização de ultrassom abdominal demonstrou haver presença de massa cística de grande volume (1763,1cm³), com paredes lisas, aparentemente encapsulada e com finos septos em seu interior, de conteúdo anecóico, medindo 18,3 x 12,9 x 14,3 cm, localizada entre o baço e o rim esquerdo. A tomografia computadorizada de abdome apresentou volumosa lesão expansiva cística no andar superior de hemiabdome esquerdo, de provável origem esplênica, exibindo septos internos na sua porção superior e paredes levemente irregulares, medindo cerca de 14,8 x 12,8 x 19 cm, elevando a hemicúpula diafragmática esquerda, deslocando inferiormente o rim esquerdo e medialmente o estômago e o cólon descendente. A paciente apresentava exames laboratoriais normais prévios à cirurgia. À laparotomia, evidenciou-se grande formação cística no baço e presença de numerosos baços acessórios. Após esplenectomia, o exame anatomopatológico mostrou baço pesando 2365 g, com 18 x 15 x 12 cm de dimensões. À microscopia do corte histológico da peça observou-se intensa congestão de capilares, áreas de fibrose e ocasionais células inflamatórias (eosinofilos e macrofagos). À imunohistoquímica foi descartada hipótese de leishmaniose. A paciente evoluiu sem complicações ou queixas, apresentando ganho de peso e retorno do apetite no pós operatório.
DISCUSSÃO
O baço acessório raramente apresenta relevância clínica ou patológica e normalmente passa assintomático e não diagnosticado. No caso apresentado, a paciente apresentava uma lesão expansiva volumosa, deslocando o estômago e o cólon descendente medialmente, causando hiporexia e desconforto em hipocôndrio esquerdo. A tomografia computadorizada foi crucial para definir a origem da lesão, que, caso confundida com um tumor, poderia gerar terapias e prognósticos completamente diferentes. A paciente apresentou um quadro de esplenomegalia uma vez que o tamanho esperado para o baço é de até 13 cm e o peso em torno de 150g. Além disso, não foi encontrada doença de base aparente, com exames laboratoriais pré cirúrgicos normais e com a análise do material biológico descartando a hipótese de leishmaniose. Sendo assim, dada a melhora do quadro geral da paciente, fim do quadro álgico e de hiporexia conclui-se a o quadro originava-se do baço acessório e do baço, de tamanho muito aumentado.
Área
URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS
Instituições
Universidade Católica de Brasília - Distrito Federal - Brasil
Autores
Yasmin Abreu Soares de Souza Pimentel, Daniel Gontijo Sousa Silva, João Marcos Monteiro Ramos, Isabela Vieira Bastos, Phylipe Augusto Oliveira, Amanda Teixeira Melo, Gabriel Alves Siqueira