Dados do Trabalho


TÍTULO

APENDICITE EM PRE- ESCOLAR: UM DESAFIO DIAGNOSTICO

INTRODUÇÃO

O abdome agudo cirúrgico tem como sua principal causa a apendicite aguda. Seu pico de incidência é na segunda e terceira décadas de vida e raramente ocorre nos extremos de idade. Se apresenta classicamente através de uma tríade clínica caracterizada por dor periumbilical que migra para a fossa ilíaca direita, febre moderada e anorexia importante. Esse quadro, porém, ocorre em apenas 50% dos casos e em cerca de 30% há sintomas urinários associados. Em crianças, o diagnóstico é ainda mais difícil devido aos sintomas pouco específicos e às formas atípicas da doença. Constipação, diarreia e sintomas respiratórios são as principais queixas relacionadas que induzem a falhas diagnósticas. Ao mesmo tempo, diversas patologias clínicas evoluem com dor abdominal associada e realizar o diagnóstico diferencial destas com abdomes agudos cirúrgicos é um desafio para os cirurgiões gerais e pediátricos frente a avaliação de quadros de dor abdominal em crianças. Descrevemos aqui um caso de apendicite aguda complicada em uma criança pré-escolar, que teve seu diagnóstico retardado devido á apresentação atípica.

RELATO DE CASO

A.P.M, sexo feminino, 3 anos de idade, foi admitida na clínica pediátrica, proveniente do Pronto Socorro, com história de dor abdominal em baixo ventre, febre, disúria e distensão abdominal há 4 dias. Internada para investigação com hipótese de Síndrome Nefrítica por hipertensão arterial e proteinúria ao exame, além de uropatia obrtrutiva á direita vista no ultrassom de abdome e confirmada em tomografia computadorizada sem contraste na entrada. Iniciado tratamento clínico com antibioticoterapia e controle de pressão arterial, paciente evoluiu com melhora dos sintomas. Após 5 dias de internação evoluiu com rebaixamento do nível de consciência, febre, distensão abdominal intensa, sintomas de sepse e choque com necessidade de uso de drogas vasoativas. Solicitada então avaliação cirúrgica, com achado de abdome em tábua e tomografia computadorizada revelando líquido livre na cavidade caracterizando abdome agudo cirúrgico. Encaminhada ao centro cirúrgico e submetida a apendicectomia por apendicite aguda fase 4, apresentou boa evolução e alta após 10 dias de suporte clínico intensivo.

DISCUSSÃO

A apendicite aguda é a enfermidade de resolução cirúrgica mais frequente em crianças e adolescentes, mas devido ao extremo de idade e à manifestação clínica inespecífica, houve baixa suspeição desta hipótese diagnóstica. No caso descrito a paciente evoluiu com dor leve, em localização atípica e associada a sintomas pouco frequentes nesta patologia, tais como hipertensão arterial, proteinúria e alterações urinárias em exames de imagem. Apenas após piora clínica importante houve solicitação da avaliação cirúrgica, e nesta ocasião o quadro já se apresentava de forma indubitavelmente cirúrgica. Nos pareceu importante relatar este caso para alertar sobre uma forma diferente de apresentação e para evitar que casos parecidos sejam diagnosticados tardiamente e tenham desfechos desagradáveis.

Área

CIRURGIA PEDIÁTRICA

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - Piauí - Brasil

Autores

JESSYK MARIA LOPES NUNES, PRISCILA FAVORITTO LOPES, ANTONINO NETO COELHO MOITA, RAFAEL XAVIER DE MOURA, LUCAS RAPOSO MENDES, AUREA IZABEL DE ANDRADE BARROSO, RAILDA PONTES SAVAIRA DE MORAIS, CELINA RAQUEL MOURA ROCHA