TÍTULO

HEMOPERITONIO MACIÇO POS COLONOSCOPIA

INTRODUÇÃO

A lesão esplênica é uma complicação rara após colonoscopia, podendo cursar com diferentes graus de laceração, desde aquelas limitadas à cápsula do baço até as que causam hemoperitônio e instabilidade hemodinâmica. O retardo no diagnóstico pode fazer com que essa rara complicação tenha altas taxas de mortalidade associadas. O presente trabalho se propõe a apresentar o caso clínico de um paciente que apresentou quadro de hemoperitônio maciço e choque hipovolêmico cerca de 24 horas após realização de colonoscopia eletiva.

RELATO DE CASO

Masculino, 56 anos, submetido a colonoscopia eletiva como propedêutica de investigação de quadro de anemia por doença crônica e perda ponderal. O procedimento se deu sem intercorrências, segundo relato do endoscopista, e o paciente foi encaminhado ao domicílio sem queixas. No dia seguinte evoluiu com dor abdominal aguda, em flanco esquerdo, de forte intensidade, sendo encaminhado para atendimento hospitalar. À admissão, apresentava-se hipocorado, hipotenso, sudoreico, taquicárdico e confuso. Seu abdome estava distendido, doloroso à palpação, especialmente de flanco esquerdo. Realizada tomografia computadorizada de abdome que evidenciou hemoperitônio maciço e laceração esplênica. O paciente foi submetido a laparotomia de urgência, com identificação de coágulos na cavidade abdominal e sangramento ativo de parênquima esplênico. O baço apresentava lesão grau III. Realizada esplenectomia total. Evolução pós operatória sem intercorrências.

DISCUSSÃO

Colonoscopia é um procedimento realizado rotineiramente em todo o mundo, de fácil acesso, não sendo, porém, isento de complicações. As mais frequentes são a perfuração do cólon e a hemorragia associada a biópsia ou polipectomia. Outras complicações têm sido descritas com menor frequência, entre elas: pneumotórax, pneumoperitônio, volvo, encarceramento de hérnia abdominal, abscesso retroperitoneal, apendicite, traumatismo do fígado e do baço. A rotura do baço como complicação da colonoscopia é uma situação rara, mas associada a alta morbidade e mortalidade, principalmente pelo atraso no seu reconhecimento. Este deve ser considerado perante quadro de dor abdominal, hipotensão e diminuição do hematócrito (especialmente não havendo evidência de hemorragia digestiva) e mesmo se o quadro se instalar alguns dias após a realização da colonoscopia. A confirmação diagnóstica provém da realização de exames de imagem, e o tratamento pode ser conservador, quando o paciente encontra-se em centro com recursos disponíveis e clinicamente estável; ou cirúrgico, diante de instabilidade hemodinâmica.