Dados do Trabalho


TÍTULO

RESSECÇAO DE CARCINOMA ESPINOCELULAR EM PALPEBRA E RECONSTRUÇAO FACIAL COM RETALHO MIOCUTANEO DO MUSCULO ROMBOIDE MAIOR

INTRODUÇÃO

Sabe-se, atualmente, que o Carcinoma Espinocelular (CEC) de cabeça e pescoço se configura como um dos tipos de neoplasias com maior morbimortalidade no Brasil, devido à demora no diagnóstico do mesmo, e que o maior fator de risco associado ao aparecimento dos tumores de cabeça e pescoço é o tabagismo. Em relação aos tumores que afetam a região periorbital (conjuntiva bulbar, pálpebra), o CEC necessita usualmente de uma abordagem mais agressiva, o que pode levar à exenteração do globo ocular e seus anexos. Segundo diversos estudos, há uma prevalência maior de caso em indivíduos do sexo masculino, brancos, acima de 60 anos de idade. O caso relatado a seguir difere do padrão mais prevalente, pois trata-se de uma mulher, branca, com menos de 60 anos.

RELATO DE CASO

Paciente G. C. M, feminino, branca, 55 anos, do lar, ex-tabagista (33 anos/maço), etilista social. Foi encaminhada da Unidade Básica de Saúde (UBS) para o ambulatório do Hospital Santa Rita da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (ISCMPA). Foi constatado lesão ulcerada (sem cicatrização há mais de 3 anos) em pálpebra inferior esquerda, que se estendia lateralmente cerca de 3,5cm. A biópsia da lesão foi agendada para o dia seguinte, e o exame anátomo-patológico mostrou o diagnóstico do CEC. A cirurgia para retirada da lesão, com consequente exenteração do globo ocular, foi realizada em janeiro de 2017. A lesão iniciada em pálpebra inferior esquerda estendia-se também para o osso frontal, e anexos oculares, como os músculos retos e oblíquos do olho afetado. Para o fechamento da ferida operatória, utilizou-se inicialmente um retalho miocutâneo da região frontotemporal. A cirurgia ocorreu sem intercorrências, entretanto, 6 dias após o procedimento, o retalho mostrou perfusão deficitária à compressão digital, palidez e baixa temperatura à palpação, sendo constatada necrose tecidual. A paciente foi levada novamente ao bloco cirúrgico no 7º dia de pós-operatório para retirada do retalho frontotemporal necrosado, e, aproveitando o mesmo procedimento anestésico, foi confeccionado um novo retalho a partir do músculo romboide maior. A segunda cirurgia ocorreu bem, sem intercorrências. A paciente apresentou boa evolução pós-operatória, com o novo retalho mantendo boa perfusão, temperatura e coloração. Atualmente, a paciente encontra-se em follow-up no serviço de cabeça e pescoço, radioterapia e cancerologia clínica do Hospital Santa Rita da ISCMPA.

DISCUSSÃO

Devido à alta morbimortalidade do CEC de cabeça e pescoço, faz-se necessário um melhor treinamento de profissionais da saúde, para que casos semelhantes cheguem aos centros terciários de atenção o quanto antes, para a realização de cirurgia, a fim de melhorar o prognóstico destes pacientes. Em relação aos retalhos confeccionados para o fechamento da ferida operatória, concluímos que a utilização do músculo romboide maior configura uma boa opção nos casos em que há necrose do retalho inicial (frontotemporal), como ocorreu com a paciente relatada.

Área

CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO

Instituições

ULBRA - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Pedro Henrique Cardoso Dall'Agnol, Félix Kalicki Castilho, Júlia Tonietto Porto, Juliana Menezes Zacher, Laetitia Trindade, Lucas Pastori Steffen, Matheus Presa Barbieri