Dados do Trabalho
TÍTULO
MALIGNIZAÇAO DE ADENOMA HEPATOCELULAR: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
O adenoma hepatocelular (AHC) é tumor benigno, que acomete sobretudo mulheres em idade fértil, associado ao uso prolongado de anticoncepcional oral (ACO). O AHC pode cursar assintomático ou com dor abdominal, ruptura, hemorragia ou transformação maligna. O tratamento cirúrgico do AHC é recomendado devido aos riscos de complicações, todavia, maior conhecimento dos fatores de risco para malignização melhoraram a seleção de pacientes para tratamento menos invasivo.
RELATO DE CASO
Paciente, sexo feminino, 41 anos, sem comorbidades, foi admitida no serviço de Cirurgia Geral com dor abdominal, há 2 meses, e massa palpável em hipocôndrio direito. Histórico de uso de ACO por 18 anos, negava tabagismo, etilismo e uso de outras medicações. Inicialmente, solicitada ultrassonografia abdominal, sendo visualizada lesão hepática em lobo direito, nodular, irregular e de ecotextura sólida, medindo 8,28x8,69x6,69 cm. Prosseguiu-se à investigação com ressonância magnética de abdome que evidenciou massa parcialmente exofítica no segmento hepático VI, medindo 10,4x7 cm, com cápsula bem definida, intensidade de sinal heterogênea (hipossinal em T1 e hipersinal em T2), componente adiposo e wash-out; além de lesão de padrão semelhante, de 1,4 cm, na transição dos segmentos IVB e V. Realizada biópsia sugestiva de AHC, sem evidências de malignidade. Alfafetoproteína (AFP) de 241,5 mg/dL. Optado pelo tratamento cirúrgico. A paciente foi submetida a hepatectomia não regrada aberta da lesão em segmento VI, sendo decidido acompanhamento de lesão do segmento IVB. Procedimento sem intercorrências. Com boa evolução clínica, recebeu alta no 4º dia pós-operatório. Anatomopatológico de peça cirúrgica compatível com carcinoma hepatocelular (CHC) grau 2, estadiamento pT3, com margens cirúrgicas livres. Dois meses após a operação, apresentou tumoração dolorosa e endurecida em epigástrio, vômitos e hiporexia. Tomografia computadorizada de abdome com contraste mostrou aumento da lesão de segmento IVB, medindo 12,3x10,4x9,6 cm, nódulo peritoneal indeterminado e lesão pulmonar sugestiva de metástase. Por ora, paciente em acompanhamento com equipe de Oncologia.
DISCUSSÃO
O risco de transformação maligna do AHC é de cerca de 5 a 10% e está associado ao sexo do paciente, tamanho e subtipo tumorais. Sexo masculino, aumento da lesão, elevação do nível sérico de AFP e ativação de b-catenina estão correlacionados com maior risco de malignização e preconizam investigação detalhada e ressecção cirúrgica da lesão. Apesar do quadro insinuante de AHC, o caso relatado possuía aspectos indicativos de malignidade. Diferenciar o AHC do CHC bem diferenciado pode ser difícil. A biópsia por punção associada à pesquisa de b-catenina pode auxiliar na distinção, mas por vezes o material obtido é insuficiente para total esclarecimento diagnóstico. Assim, o tratamento cirúrgico do AHC é o mais adequado quando na presença de fatores de risco de malignização, em vista da dificuldade diagnóstica e do potencial curativo da cirurgia.
Área
FÍGADO
Instituições
Universidade de Brasília - Distrito Federal - Brasil
Autores
Eduarda Jacinto Bauer, Ana Virginia Ferreira Figueira, Larissa Machado e Silva Gomide, Andre Luis Conde Watanabe, Andrea Pedrosa Ribeiro Alves