Dados do Trabalho


TÍTULO

PANCREATITE AGUDA COM NECROSE DE PSEUDOCISTO APOS CHOQUE ELETRICO

INTRODUÇÃO

Mais de 40% dos traumas elétricos graves são fatais, sendo os de alta voltagem os responsáveis por uma alta morbidade nos sobreviventes.

RELATO DE CASO

Paciente masculino de 18 anos de idade sofreu acidente elétrico incidental durante atividade domiciliar. Deu entrada na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto após 15 dias do evento com dor abdominal difusa, do tipo queimação, migratória e por vezes com irradiação para o ombro esquerdo. Também referia náuseas e vômitos relacionados com a alimentação.
Ao exame físico estava em regular estado geral, aparelho cardiorrespiratório dentro da normalidade e exame do abdome com ruídos hidroaéreos presentes, presença de defesa abdominal, descompressão brusca positiva difusamente e fígado palpável à 2cm do rebordo costal.
Submetido à tomografia computadorizada que evidenciou sinais de pancreatite aguda com coleções peripancreáticas agudas (sendo a maior de 8,3 x 8,1 x 5,2 cm com volume de 181 ml) associadas a moderada quantidade de liquido livre intra-abdominal. Não sendo possível afastar possibilidade de pseudo-cistos em formação.
Os exames da admissão como eletrocardiograma e função renal eram dentro da normalidade, a despeito da amilase e proteína C reativa que estavam elevadas.
Durante a internação e tratamento clínico da pancreatite, o paciente evoluiu bem e recebeu alta após 6 dias de seguimento hospitalar. Foram descartadas outras causas de pancreatite aguda como etiologia biliar, alcoólica ou secundaria à hipertrigliceridemia.
Depois de 18 dias da alta, retornou com recidiva do quadro álgico, mais localizado em hipocôndrio direito e epigástrio, náuseas, vômitos, hiporexia, desconforto respiratório e febre. Iniciou-se empiricamente antibioticoterapia e repetidos os exames de imagem que evidenciaram derrame pleural volumoso à esquerda, regressão das coleções peri-pancreáticas e aumento do líquido livre intra-abdominal.
Realizada drenagem guiada por imagem tanto do espaço pleural quanto da cavidade abdominal em busca de foco infeccioso. Também submetido à eco-endoscopia que visualizou coleção peripancreática de 8 x 5,4cm. Realizada punção da mesma e drenagem ecoguiada de grande quantidade de liquido escuro.
Após quatro dias da drenagem foi realizada necrosectomia endoscópica sem intercorrências e recebeu alta hospitalar em bom estado, com melhora significativa do quadro clínico.
Em seguimento ambulatorial passou por revisão do procedimento endoscópico com apenas dilatação hidrostática do pseudocisto pancreático, sem nova necrosectomia devido sangramento de parede friável.
Atualmente segue ambulatorialmente sem novas queixas ou intercorrências.

DISCUSSÃO

O trauma elétrico pode ser dividido em acometimento de alta ou baixa voltagem, considerando o limite de 1000 volts.
Os acometimentos sistêmicos relevantes são as arritmias cardíacas, disfunção renal, comprometimento visual e amputações.
A descrição de um episódio de pancreatite aguda com pseudocisto e necrose em um trauma elétrico não grave chama atenção.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

USP RIBEIRÃO PRETO - São Paulo - Brasil

Autores

JULIANA HERNANDES SERIBELI, CLARA DO PRADO LOPES FROTA, GILFRED CANUTO PEREIRA, MAURÍCIO GODINHO