Dados do Trabalho
TÍTULO
ISQUEMIA MESENTÉRICA PÔS CIRÚRGICA: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Das síndromes isquêmicas intestinais o infarto intestinal agudo é o mais temido devido ao prognóstico sombrio desta entidade. Por apresentar poucos comemorativos clínicos nos estágios iniciais o infarto intestinal agudo normalmente tem seu diagnóstico tardio, na fase em que já ocorreu a necrose intestinal propriamente dita com alto índice de mortalidade. Os principais fatores de risco para essa condição são as cardiopatias emboligênicas. Cirurgias abdominais também representam risco para desenvolvimento de patologias embólicas. O padrão ouro para diagnóstico precoce é a angiografia.
RELATO DE CASO
NMG, 46 anos, feminino, HAS controlada deu entrada na unidade de cirurgia geral encaminhada de outro serviço onde há 4 dias foi submetida à histerectomia total aberta por miomatose uterina sintomática. No pós-operatório, a paciente apresentou evolução atípica e arrastada cursando, há mais de 72h do ato operatório, com distensão abdominal importante, ausência de evacuação e parada de eliminação de flatos associado a dor abdominal difusa de grande intensidade refratária a opióides, febre, náusea e tontura. Ao exame físico, mau estado geral, desidratada, hipocorada, taquicárdica e taquidispneica. Murmúrio vesicular bilateral, diminuído em bases, FR 28 irpm, SATO2 93% com O2 suplementar sob cateter à 3l por minuto. Ritmo cardíaco irregular, sem sopros, com 131bpm, PA de 100x 65mmHg. Abdome distendido, timpânico, doloroso difusamente à palpação superficial e profunda com sinais de irritação peritoneal difusa, RHA abolidos. Ferida operatória de incisão à Pfannenstiel em boas condições, sem sinais de infecção e/ou coleções. MMII com edema simétrico. Leucocitose importante com desvio à esquerda, gasometria arterial acidose metabólica. Rx de abdome com vários níveis. Sob hipótese diagnóstica de SEPSE grave de foco abdominal foi indicada laparotomia após medidas de compensação hidroeletrolíticas pré-operatórias. No ato cirúrgico, extenso segmento de intestino delgado necrosado. A área isquêmica inviável se iniciava a 1m do Treitz e se findava a 1m da válvula ileocecal. Foi realizado enterectomia e anastomose primária. A paciente foi enviada para UTI em antibioticoterapia empírica de amplo espectro e reabordada em 48h com anastomose íntegra e ausência de novas áreas isquêmicas. No seguimento pós-operatório apresentou com fibrilação atrial.
DISCUSSÃO
O caso em questão provavelmente trata-se de um infarto intestinal agudo por embolia da artéria mesentérica. Não podemos afirmar que a histerectomia realizada contribuiu no processo emboligênico ou foi somente um adicional à história pois a paciente apresenta fibrilação atrial crônica. Se métodos de imagem avançados estivessem disponíveis no serviço de origem, a patologia poderia ser diagnosticada mais rapidamente diminuindo a morbimortalidade do caso. O tempo cirúrgico menor que 1h, bem como as medidas de compensação hidroeletrolíticas no pré-operatório também podem ter sido bons adjuvantes na boa evolução pós-operatória.
Área
CIRURGIA VASCULAR
Instituições
Uniceplac - Distrito Federal - Brasil
Autores
Carolline Damas Andrade Oliveira , Silas Fernandes Cunha Junior, Gabriella Fernandes Trindade, Angélica Souza Duarte , Ellen Cristine Pacheco Ramos , João Paulo Santos Tenório, Vitor Vinicius Queiroz Sousa, Marco Antônio Venturini de Barros