Dados do Trabalho
TÍTULO
ESOFAGECTOMIA E RECONSTRUÇAO COM COLON ESQUERDO: RELATO DE CASO SOBRE UMA LESAO CAUSADA POR AGENTE QUIMICO.
INTRODUÇÃO
A ingestão proposital ou acidental de substancias causticas e corrosivas, tem a capacidade de provocar lesões por contato nos tecidos e também necrose. É uma lesão frequente e comum, sendo responsável por diversos tipos de lesões no tubo digestório – esôfago e estômago. Nesse contexto, a morbidade e mortalidade desse tipo de lesão são relevantes e tem aumentado nos últimos anos segundo os dados epidemiológicos do Centro de Informações Toxicológicas do Rio Grande do Sul. Dessa maneira, a reconstrução do esôfago torna-se uma tarefa desafiadora para o tratamento desse tipo de lesão, onde geralmente o paciente apresenta comprometimento da laringe e da faringe, resultando em dificuldade tanto na fala quanto na respiração.
RELATO DE CASO
Paciente L.D.S., 40 anos, procedente de Sapucaia do Sul, autônomo, nega tabagismo, nega etilismo, diabético mas nega utilizar medicação de uso contínuo, histórico de depressão e ideação suicida. Admitido no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre em novembro de 2017 após ingestão de agente químico (soda caustica). Diagnosticada lesão caustica de esôfago grau 3A, pangastrite endoscópica intensa por lesão corrosiva. Realizou traqueostomia e jejunostomia, e permanecendo na unidade de terapia intensiva, após processo inflamatório severo, com necrose da mucosa, seios piriformes com estenose impedindo progressão do aparelho, como observada através da Endoscopia Digestiva Alta (EDA). Em novembro de 2017 feita nova avaliação, notou-se erosões difusas com edema na orofaringe. Aos 22 cm da arcada dental superior, estenose severa impedindo a progressão do aparelho, com edema associado a eritema difuso, processo inflamatório em evolução. Paciente recebe alta em dezembro de 2017 com encaminhamento pelo sistema único de saúde para o ambulatório de cirurgia do HSL. Indicada a esofagectomia total com reconstrução colônica com seio piriforme à esquerda e do cólon com estômago no abdômen, a cirurgia foi realizada em Dezembro de 2018 . No estudo anatomopatológico foi recebida a peça constituída por esôfago, onde observou-se necrose de mucosa esofágica com hemorragia, inflamação crônica inespecífica e fibrose da parede. Houve fístula de anastomose cervical faringo-cólica e pneumonia nosocomial resolvidas durante a internação, bem como a deiscência total da ferida operatória abdominal com cicatrização por segunda intenção. A radiografia de controle pós operatório, mostrou trânsito satisfatório do meio de contraste através das anastomoses. Paciente segue em acompanhamento do quadro pós operatório, relatando melhora na execução das atividades da vida diária.
DISCUSSÃO
Devido a gravidade e a incidência, as lesões provocadas pela ingestão de agentes químicos ainda colocam desafios quanto a sua abordagem. Nessa perspectiva é de suma importância que além da evolução na técnica cirúrgica para a melhora na qualidade de vida dos pacientes, haja a promoção da educação e do cuidado sobre os riscos do manuseio de materiais químicos tóxicos junto a populacão leiga.
Área
ESÔFAGO
Instituições
Hospital São Lucas - PUCRS - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Matheus Jara Reis, Eliseu Perius Junior, Rafael Costa e Campos, Gllória de Carvalho Palma, Marcelo Garcia Toneto