Dados do Trabalho


TÍTULO

AGENESIA DE DUCTO E ARTERIA CISTICA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A anatomia humana nem sempre é respeitada como segue a literatura, em alguns casos ocorrem variações da mesma que desafiam o manejo cirúrgico. A via biliar, por exemplo, apresenta inúmeras, quanto à disposição e implantação, número ou até mesmo ausência de suas estruturas.
A agenesia de ducto e artéria císticos são muito raros, por falta de estudos não foi possível determinar sua incidência na população.
Quanto aos sinais e sintomas, podem ser muito variáveis, desde pacientes assintomáticos, como leve dispepsia, dor epigástrica ou mal estar.
A importância deste trabalho se deve ao fato de que com o surgimento de novas técnicas cirúrgicas e o advento da videolaparoscopia, torna-se importante o conhecimento das variações anatômicas a fim de garantir o sucesso do procedimento.

RELATO DE CASO

M.L, sexo masculino, 51 anos, caucasiano, assintomático, sem alterações ao exame físico, aos hábitos e vícios tabagista 20 anos/maço. Antecedentes pessoais: Hipertenso, sem cirurgias prévias. Ultrassonografia com múltiplos cálculos de 3 a 4 mm. Realizado colecistectomia videolaparoscópica, no intra-operatório não identificando artéria e ducto cístico (figura 1, 2 e 3). Procede então com descolamento da vesícula biliar do leito hepático, sem clipagem, pois não foi encontrado nenhuma estrutura. Mantido dreno tubular número oito, locado no leito hepático, para supervisão do mesmo.
Paciente evolui bem, recebe dieta no mesmo dia da cirurgia e alta no primeiro pós-operatório com dreno tubular. Retorna em uma semana, dreno sem bile e sem débito, retirado dreno. O mesmo recebe alta.

DISCUSSÃO

A vesícula biliar é o órgão responsável por armazenar a bile formada pelos hepatócitos, cuja drenagem normalmente é realizada pelo ducto cístico até o ducto hepático comum.
Durante a embriogênese, por volta da metade da terceira semana, uma protuberância do epitélio endodérmico na extremidade distal do intestino anterior se forma dando origem ao divertículo ou broto hepático, consequência de um intenso processo de proliferação celular no septo transverso. A conexão do broto hepático com o intestino anterior se estreita formando o ducto biliar, o qual deste irá por meio de uma protuberância ventral formar a vesícula biliar e o ducto cístico.
Por volta da 12º semana de gestação, a vesícula biliar e o ducto cístico já se formaram, sendo que este último já se comunicou ao ducto colédoco, permitindo que a bile possa ser lançada ao sistema digestório.
Como no caso apresentado o ducto e artéria cística estão ausentes, o que pode sugerir a drenagem da bile e irrigação pelo leito hepático, por ser uma condição rara, e pouco relatada na literatura, não existem muitos relatos dessa anomalia.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

HOSPITAL SANTA CASA DE MISERICÓRDIA - São Paulo - Brasil

Autores

HELEN BRAMBILA JORGE, IGOR ANTONIO SPILKA, FELIPPE ANTONIO GOES SCORSIONI, MARCEL DEPIERI ANDRADE, ADRIELLE ANDRADE PUGAS, PAULO GARDENAL TELES, THIAGO CASEMIRO RODRIGUES