Dados do Trabalho
TÍTULO
CIRURGIA ABERTA E TECNICA LAPAROSCOPICA EM HERNIORRAFIAS INGUINAIS
OBJETIVO
Agrupar e analisar criticamente estudos científicos que comparam as técnicas de reparo de hérnias inguinais, a fim de determinar qual delas apresenta maior custo-benefício, em vista da efetividade do tratamento e de complicações cirúrgicas.
MÉTODO
Realizou-se uma revisão sistemática de quinze estudos científicos internacionais, entre séries de casos, estudos de caso-controle, ensaios clínicos randomizados e estudos de coorte, que discutem os aspectos gerais das técnicas aberta e laparoscópica de herniorrafia inguinal. Os estudos datam de 2002 a 2012 e totalizam 123420 pacientes. A busca ocorreu na base de dados PubMed/MedLine, com os seguintes termos: groin hernia repair, laparoscopic versus open repair hernia, open hernia repair, laparoscopic hernia repair, hernia repair outcomes. Os critérios analisados foram: tempo de cirurgia, tempo de internação, tempo de convalescência após cirurgia, complicações intraoperatórias e pós-operatórias, persistência de dor no pós-operatório e recorrência da hérnia. Foram incluídos os trabalhos que tratavam de hérnias inguinais primárias apenas.
RESULTADOS
Totalizou-se 113266 cirurgias abertas e 10154 laparoscopias. A cirurgia laparoscópica apresentou menores tempos de internação e convalescência após a cirurgia e tempo de cirurgia similar à técnica aberta. A taxa geral de complicações foi de 35,4%, sendo significativamente maior na cirurgia laparoscópica (42,6%). Quanto às complicações intraoperatórias, a cirurgia laparoscópica apresentou maior número de complicações (5,3%), sendo as mais importantes as lesões vesicais e injúrias neurovasculares (complicações mais sérias que as relatadas na cirurgia aberta). Complicações pós-operatórias foram também mais prevalentes nesta (21,1%), sendo as mais comuns seromas/hematomas, retenção urinária e infecções de sítio operatório. A persistência de dor no pós-operatório foi maior nas cirurgias abertas (9,9%), podendo chegar até cerca de 18% em alguns estudos. Na laparoscopia, a incidência de dor variou entre 1,4-11,2% nos estudos analisados. A técnica com menor recorrência de hérnia foi a laparoscópica (3,2%), diferindo em pouco da cirurgia aberta (2,4%). Alguns estudos revelaram não haver diferença estatística de recorrência entre estas, embora se tenha conhecimento de que isto muito varia de acordo com o uso ou não de próteses em ambas as técnicas, bem como sua qualidade e tamanho adequados.
CONCLUSÕES
Ainda persistem vários critérios a serem comparados, a fim de permitir conclusões mais acuradas sobre qual técnica deve ser preferida. A revisão evidenciou superioridade da cirurgia aberta em relação à cirurgia laparoscópica, ainda muito limitada por fatores financeiros e elevada incidência relativa de complicações intra e pós-operatórias. Por outro lado, o menor tempo de internação e retorno à rotina do paciente, aliados ao pós-operatório menos doloroso, acabam por se tornar mais atrativos ao médico e ao paciente, sendo a técnica laparoscópica cada vez mais utilizada no reparo destas hérnias.
Área
PAREDE ABDOMINAL
Instituições
Universidade Federal do Ceará - Ceará - Brasil
Autores
Clarice Sampaio Torres, Alice Maria Correia Pequeno, Brígida Lima Carvalho, Francisco Charles Barbosa Filho, Gabriela Correia Pequeno Marinho, Joice de Oliveira Amorim, Matheus de Sousa Silva, Ariel Gustavo Scafuri