Dados do Trabalho
TÍTULO
ABORDAGEM CIRURGICA DO PSEUDOCISTO PANCREATICO
INTRODUÇÃO
Os pseudocistos são formados por coleções de suco pancreático consequentes à inflamação e/ou traumas sobre a glândula. Normalmente estão completamente formados entre 4 a 8 semanas após o inicio do episódio agudo. Estes tendem a regredir com o tempo, não necessitando de abordagem cirúrgica, podendo ser acompanhados clinicamente. Entretanto, pacientes sintomáticos podem necessitar de tratamento cirúrgico.
RELATO DE CASO
Paciente, sexo masculino, 54 anos, etilista, tabagista, natural e residente em cidade no interior de Minas Gerais, foi internado em 08/2018 com dois episódios agudos de pancreatite em intervalos de 20 dias. Iniciou com quadro de dor abdominal em região epigástrica que se intensificava após a alimentação; associado a náuseas, vômitos e perda ponderal. Na admissão, foram realizados exames complementares que evidenciaram elevação de enzimas pancreáticas (Amilase: 7080 U/L e Lipase de 1336 U/L) e ausência de colecistolitíase. Realizada tomografia de abdome que evidenciou cabeça pancreática de dimensões discretamente aumentadas; apresentando formação cística de contornos lobulados, de aspecto inespecífico ao método. Com isso, o paciente foi submetido à hidrocolangiorresonância que constatou dilatações focais da porção cranial do ducto pancreático principal junto à papila, de contornos pouco definidos, que apresentou alto sinal de T2, medindo 1,0x1,0 e 1,3x1,2 cm. Associa-se aumento focal das dimensões da cabeça pancreática. Vias biliares intra-hepáticas e ducto cístico estão com calibres preservados. Realizado coleta de CA19-9 contando valor de 20U/mL. Paciente submetido à gastroduodenopancreatectomia, devido à alta suspeição de doença oncológica, com boa evolução no pós-operatório. Anatomopatológico evidenciou histologia compatível com pseudocisto pancreático, pancreatite crônica e de sulco.
DISCUSSÃO
Lesões císticas pancreáticas podem corresponder a tumores de natureza benigna ou maligna e são diagnosticadas em 0,7% a 24,3% da população. O pseudocisto pancreático é a complicação mais frequente após um episodio de pancreatite aguda, incidindo em 2% a 8% dos casos. É definido como uma coleção de suco pancreático encapsulado por uma parede fibrosa não epitelizada. É necessário de quatro a seis semanas para que ocorra o encapsulamento da coleção. Atualmente, para um pequeno cisto (< 5 cm) ou a ausência de complicações secundárias preconiza-se conduta expectante, apresentado regressão em até 40% dos casos. A ausência de regressão espontânea ou em cistos superiores a 5 cm pode levar a sérias complicações, como infecção, rotura e sangramento, além de obstrução biliar, trombose de veia esplênica ou porta e dificuldade no esvaziamento gástrico. Nestes casos, o tratamento de drenagem cirúrgica, percutânea ou endoscópica está indicado. No relato apresentado, devido à persistência da dor abdominal e quadros recorrentes de pancreatite, além da dificuldade de distinção radiológica entre doença benigna ou de potencial maligno, instituiu-se a abordagem cirúrgica.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
Irmandade Nossa Senhora das Merces de Montes Claros - Minas Gerais - Brasil
Autores
Jefferson Matos Menezes, Marco Antonio Santos Oliveria, Pedro Henrique Batista Pereira, Vanessa Silveira Aguiar Cruz, Hígor Rabelo Guedes, Paolla Dorneles Ferraz Sousa, Walfredo Gonçalves Quadros Jr, Rodrigo Vieira Gomes