TÍTULO

DEISCENCIA DE SUTURAS DE PAREDE ABDOMINAL APOS RECONTRUÇAO DE TRANSITO INTESTINAL – RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A deiscência de ferida operatória é caracterizada pela perda parcial ou total da integridade das suturas das camadas teciduais. Trata-se de uma complicação grave do processo de cicatrização, sendo o acometimento abdominal o local de maior ocorrência. Fatores de risco mecânicos e comorbidades clínicas estão entre os principais envolvidos de forma sinérgica na perda da continuidade tecidual.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 69 anos, previamente hipertenso, tabagista ativo 30 maços/ano, refere que realizou colostomia a Hartmann em fevereiro de 2017 devido a quadro de abdome agudo perfurativo por corpo estranho. Evoluiu no pós-operatório imediato com infecção de ferida operatória, necessitando de reabordagem. Paciente comparece ao internamento após 6 meses da última reabordagem para realização de reconstrução de trânsito intestinal. Ao exame físico apresenta presença de cicatriz cirúrgica mediana e colostomia. Realizou colonoscopia em novembro de 2017 cujo laudo evidenciou reto amplo, válvulas delgadas, mucosa hiperemiada, friável ao toque do aparelho, com distensibilidade normal. Através da colostomia foram evidenciados cólons descendente, transverso e ascendente com calibre, mucosa e vascularização da submucosa normais, ceco, óstio apendicular e válvula ileocecal de aspecto normal e proctocolite por desuso. Realizada reconstrução do trânsito intestinal em dezembro de 2018 com sucesso. Paciente evoluiu 10 dias após a última intervenção cirúrgica com quadro de dor abdominal e vômitos, sendo constatada evisceração. Realizada ressutura de parede abdominal com colocação de tela em novembro de 2018. Evoluiu com deiscência de sutura com exposição de tela no 5º dia de pós operatório, apresentando secreção purulenta com odor fétido, optado por retirada de tela de aponeurose em ferida mediana (04/12/18), iniciado antibioticoterapia. Paciente recebe alta com faixa abdominal.

DISCUSSÃO

A deiscência de suturas de parede abdominal é uma complicação do pós-operatório cuja incidência varia entre 0,5 a 3% de acordo com a literatura. É considerada uma causa de urgência cirúrgica. Diversos fatores estão implicados para a sua ocorrência como idade acima de 65 anos, sexo masculino, desnutrição, tabagismo, hipoalbuminemia, anemia, obesidade, hipertensão arterial, diabetes, e neoplasias. Entre os fatores mecânicos locais destacam-se o fechamento inadequado da parede, cicatrização deficiente e o aumento da pressão intra-abdominal. O relato de caso faz referência à literatura revisada, evidenciando os sinais e sintomas clínicos que podem sugerir tal acometimento, como presença de febre, vômitos, dor e distensão abdominal. A evisceração pode ocorrer dentro dos 14 dias após a realização do procedimento cirúrgico abdominal e resulta na falência total do processo de cicatrização local.