Dados do Trabalho


TÍTULO

HERNIA DIAFRAGMATICA POS TRAUMATICA: UM DESAFIO DIAGNOSTICO

INTRODUÇÃO

A hérnia diafragmática traumática (HDT) é caracterizada pela evisceração transdiafragmática
de conteúdo abdominal para o interior da cavidade torácica diante de lesão do diafragma
procedente de um trauma da transição toracoabdominal. Os órgãos abdominais
frequentemente herniados através do defeito diafragmático são: estômago, omento, cólons e
fígado.
HDT é uma rara e potencialmente fatal complicação dos traumas penetrantes ou contusos. Seu
diagnóstico permanece um desafio devido à pouca e inespecífica sintomatologia, somada a
uma baixa sensibilidade da radiografia simples do abdome. Desta forma, relata-se um caso ocorrido há 4 anos.

RELATO DE CASO

E.N.R, sexo masculino, 26 anos, chegou ao pronto socorro com abdominalgia intensa e progressiva
iniciada na noite anterior, associada à náuseas, vômitos e hiporexia. No
exame físico, regular estado geral, hemodinamicamente estável, Glasgow 15, desidratado
+2/4, apresentava abdome em tábua, doloroso à palpação difusamente com piora em região
epigástrica, na ausculta havia murmúrio vesicular abolido no hemitórax esquerdo. Foi realizada
uma radiografia de tórax com imagem de conteúdo abdominal invadindo cavidade torácica à
esquerda com compressão pulmonar e desvio mediastinal. Pediu-se uma tomografia
computadorizada de abdome com contraste, sem laudo, com imagem de alças intestinais
ocupando 2/3 da cavidade torácica e falha diafragmática.
Encaminhado ao centro cirúrgico para realização de laparotomia exploradora. No 1º tempo
cirúrgico, foi encontrada hérnia diafragmática encarcerada, pouca quantidade de secreção
sero-sanguinolenta e lesão diafragmática à esquerda de aproximadamente 7cm. Na cavidade
torácica continha: baço e estômago de tamanhos aumentados, seguimento de delgado, ângulo
esplênico do cólon e presença de conteúdo de aspecto gelatinoso. Realizada, portanto, uma interiorização
manual do baço, do estômago, do delgado, do colón em sua porção da flexura esplênica e
frenorrafia com pontos em ''x'' e fio inabsorvível. Posicionado dreno túbulo-laminar em loja
esplênica, exteriorizado em flanco esquerdo e feita uma toracostomia em selo d’água no 2º
tempo. Paciente foi admitido pela UTI e no 8º dia pós operatório com melhora do quadro, foi dada alta hospitalar e acompanhamento ambulatorial.

DISCUSSÃO

Ambroise Paré, em 1579, descreveu as três fases de apresentação da HDT em: fase aguda
quando a lesão é identificada e tratada logo após o trauma; fase de intervalo, em que o
paciente pode apresentar sintomas gastrointestinais ou respiratórios, meses ou anos depois; e
fase crônica, caracterizada por obstrução e/ou estrangulamento de vísceras ocas. Diante do
exposto, o paciente se classifica na fase crônica.
Complicações de conteúdo herniado aumentam dramaticamente a mortalidade podendo
chegar a 88%, tornando-se um grande desafio de diagnóstico precoce devido a não
especificidade dos sintomas como náuseas e distensão abdominal. Apesar do mau
prognóstico, a conduta do caso descrito foi essencial para seu sucesso.

Área

TRAUMA

Instituições

UNICEPLAC - Distrito Federal - Brasil

Autores

Manuela Thays Silva Fonseca, Camila Valadares Santana Recch, Daniella Silva Mena, Andria Paula Gomes Pereira, Mylena Thayná Silva Alves, Isabella Cristina Borges Pio, Victor Franco de Azevedo Silva, Victor Lemos Gimenes