Dados do Trabalho


TÍTULO

LESAO DESPERCEBIDA DE URETER POR PROJETIL DE ARMA DE FOGO: EVOLUÇAO ATIPICA.

INTRODUÇÃO

Apresentar o caso de um paciente admitido com quadro de tumoração e dor abdominal, diagnosticado em extensão propedêutica, como Urinoma, secundário a lesão despercebida de ureter por projetil de arma de fogo e, assim, discutir as implicações e possíveis abordagens terapêuticas do quadro.

RELATO DE CASO

Paciente, 25 anos, vítima de trauma abdominal penetrante por projetil de arma de fogo em Março de 2018. Identificado orifício de entrada em flanco direito e, imagens radiográficas mostrando projetil alojado em fossa ilíaca esquerda. Na ocasião, submetido a laparotomia exploradora, em outro serviço, com relato de não haver lesões intracavitárias. Admitido após 05 meses do trauma com queixa de dor e distensão abdominal. À propedêutica de imagem na admissão, visualizadas duas coleções císticas volumosas em pelve e flanco esquerdo, que foram puncionadas e submetidas à análise bioquímica, mostraram-se compatíveis com urina. Submetido a cistoscopia, com cateterização de ureter esquerdo distal, porém sem progressão do cateter duplo J. Optada por realização de laparotomia por incisão de Gibson alargada, identificando-se então, lesão parcial do ureter esquerdo, com cotos distal e proximal afastados cerca de 2 centímetros entre si. Realizada ureteroplastia com reparo primário e proposta de manutenção do cateter de duplo J, por 12 semanas. Paciente recebeu alta hospitalar em boas condições clínicas no quinto dia de pós-operatório.

DISCUSSÃO

As lesões ureterais são raras e, em sua maioria, associadas a lesões traumáticas penetrantes ou iatrogênicas. O diagnóstico é difícil, sem sinais ou sintomas específicos e, em sua maioria, tardios, devendo-se valorizar o mecanismo de trauma e a exploração minuciosa do retroperitônio em casos traumáticos. Estima-se que cerca de 38% das lesões traumáticas de ureter, são inicialmente subdiagnosticadas. O quadro clinico é variável, podendo-se manifestar como ascite, urinoma, fistula ureteral ou abscesso. Quando fala-se em lesão traumática, é sempre importante considerar-se o mecanismo do evento, em vez que acima de 90% dos pacientes apresenta outras lesões intracavitárias associadas. Anatomicamente, distingue-se o terço proximal como o principal sitio envolvido.
Preconiza-se a correção cirúrgica como princípio geral para as lesões ureterais, a menos que isso seja inviável, pelas condições clínicas do paciente quando, então pode ser realizada a drenagem temporária do trato urinário. Estima-se que 97% das lesões necessitam de reconstrução cirúrgica que, deve ser, preferencialmente realizada, ja primeira abordagem. Entre as opções disponíveis, a anastomose primária espatulada, com drenagem intraluminal com cateter de duplo J é a opção preferível na maioria das vezes, deixando outras técnicas mais complexas, como opções secundárias.

Área

UROLOGIA

Instituições

HOSPITAL JULIA KUBITSCHEK - Minas Gerais - Brasil

Autores

BRUNA HAUEISEN FIGUEIREDO, ANDRÉ MESQUITA ABREU, ANGELA LOPARDI NICOLATO, PEDRO HENRIQUE CARAZZA SILVA, PAULO CESAR FARIA JUNIOR, TARCISIO VERSIANI AZEVEDO FILHO, PEDRO JUNIOR ALVES SOUZA