Dados do Trabalho


TÍTULO

ISQUEMIA E NECROSE INTESTINAIS SECUNDARIAS A HERNIA INTERNA ABDOMINAL: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Hérnia interna é o deslocamento de uma víscera através de uma abertura que pode ser normal ou anormal no peritônio ou mesentério, estando dentro dos limites da cavidade peritoneal. As hérnias internas correspondem apenas de 0,3% a 0,9% do total das hérnias, sendo divididas pela classificação de Meyers e Ghahremani, a mais aceita atualmente. São casos de difícil diagnóstico, dada sua evolução lenta e sintomas inespecíficos, impossibilitando, muitas vezes, o diagnóstico precoce e aumentando a morbimortalidade. O objetivo desse relato é mostrar o caso ímpar de uma paciente de 74 anos, com queixas de dor abdominal e oclusão intestinal agudas, com posterior diagnóstico de hérnia interna estrangulada, consequente isquemia e perda de alças intestinais.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 74 anos, hipertensa, chegou à emergência com queixa de dor abdominal intensa, de início súbito há menos de 12 horas, sem melhora após analgesia realizada anteriormente em Unidade de Pronto Atendimento (UPA), associada a vômitos, ausência de evacuações e de flatos. Ao exame físico: paciente gemente, abdome bastante doloroso à palpação superficial, mas sem sinais de irritação peritoneal. Após a devida revisão do caso, optou-se por uma laparotomia exploratória mediana supra umbilical e infra umbilical, para obtenção do diagnóstico e conduta terapêutica. Na cirurgia, foi identificada moderada quantidade de líquido livre de origem hemática na cavidade abdominal e hérnia interna estrangulada situada em anel fibroso, com necrose de 200 cm de alças do intestino delgado, identificada em razão de hiperdensidade da parede intestinal, a 160 cm do Ângulo de Treitz (junção duodenojenunal). Realizada enterectomia com grampeador linear cortante (80 mm) na parte necrosada das alças intestinais (200 cm), e posterior enteroanastomose manual em dois planos, conectando as partes viáveis do intestino através de sutura, permanecendo, assim, 220 cm de alças de intestino delgado (160 cm a montante e 60cm a jusante), além do fechamento do orifício herniário. A paciente teve boa evolução no pós-operatório, e após 9 dias, recebeu alta hospitalar com TC evidenciando ausência de coleções e de pontos de obstrução. Na revisão após 1 mês, a paciente negou qualquer alteração do hábito intestinal, estando assintomática.

DISCUSSÃO

Em conclusão, a diferenciação desse caso em relação às outras hérnias internas, se dá pela impactação da hérnia não ser em um lugar tipicamente conhecido (como a fossa de Landzert ou o forame de Winslow), e sim, em um anel fibroso, advindo de uma brida abdominal. Por serem raras e causadoras tardias de sintomas, as hérnias internas possuem diagnóstico difícil e devem ser levadas em consideração no diagnóstico, já que quando feito, não raramente as complicações já estão vigentes, com oclusão e isquemia intestinal, como foi o caso da paciente em questão.

Área

INTESTINO DELGADO

Instituições

FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS - Bahia - Brasil

Autores

CAIO CAVALCANTI FERREIRA, LEONARDO NOVAES MODESTO FERNANDES, BEATRIZ SOARES GARCIA ROSA, JULIANA LOMANTO CERQUEIRA, MATHEUS CERQUEIRA PENALVA, FILIPE PONTE SOUZA, RAFAEL SILVA CAJAZEIRA, MARCIO RIVISON SILVA CRUZ