Dados do Trabalho


TÍTULO

GRAVIDEZ ECTOPICA NA CAVIDADE ABDOMINAL

INTRODUÇÃO

A gravidez ectópica abdominal (GEA) ocorre quando o saco gestacional se implanta e desenvolve na cavidade abdominal. Ela pode ser consequência do aborto tubário (GEA secundária) ou, mais incomumente, da direta implantação do ovo na cavidade peritoneal (GEA primária). Diferentemente das gestações ectópicas tubárias e ovarianas, a GEA pode se desenvolver até o termo, porém apresenta mais riscos de malformações das estruturas fetais. Menos de 50% desses fetos sobrevivem, devido às precárias condições de irrigação sanguínea em que se dá a nidação.

RELATO DE CASO

Paciente L.S.C., feminino, 38 anos, com histórico de atraso menstrual, dor pélvica aguda com sangramento vaginal discreto, realizou um teste de gravidez beta HCG quantitativo, com um resultado de 600 mlU/ml e USG transvaginal, que evidenciou endométrio fino e ausência de gestação. Realizou uma curva do beta HCG, repetindo o exame após 5 dias, que aumentou para 1300 mlU/ml. A nova USG transvaginal mostrava um endométrio fino com coleção líquida heterogênea de 3.2 cm em região anexial esquerda e provável foco de endometriose paraovariana. A paciente persistia com dor pélvica e sangramento discreto. Foi feito um diagnóstico de gravidez ectópica e indicou-se a realização da videolaparoscopia. Durante este procedimento, foi observada a presença de uma gestação ectópica íntegra abdominal em região pré-vesical próxima ao ligamento redondo esquerdo. Observou-se também múltiplas aderências pélvicas secundárias à endometriose. Foi feita a remoção da prenhez abdominal, com colocação de surgicel fibrilar, material aderente utilizado para hemostasia.

DISCUSSÃO

A mortalidade pela gravidez ectópica apresentou um importante decréscimo nas últimas décadas, sendo uma das principais causas disso o aprimoramento dos métodos diagnósticos. A detecção precoce da GEA nesse caso foi essencial para determinar a abordagem terapêutica e para diminuir maiores danos à paciente. A abordagem cirúrgica foi escolhida no caso da paciente, no entanto, existem abordagens clínicas disponíveis para o tratamento da gravidez ectópica atípica, como o uso do metotrexato. Ainda assim, optou-se pela cirurgia, um método mais invasivo, porém mais resolutivo, devido às altas taxas de morbimortalidade causadas por esse tipo de gravidez ectópica. As cirurgias para gravidez ectópica atípica normalmente envolvem inúmeras complicações, como sangramento incontrolável, terminando em cirurgias mutiladoras e com elevada morbidade. No caso exposto, devido à alta vascularização da área da área e invasão trofoblástica, houve um sangramento significativo, porém controlado sem maiores complicações. Por ser um local de implantação de gravidez ectópica bastante raro, nota-se a importância de relatar o caso e discutir um pouco mais acerca das abordagens terapêuticas utilizadas em situações semelhantes.

Área

GINECOLOGIA

Instituições

UNIPÊ - Paraíba - Brasil

Autores

Beatriz Bastos, Melisandro Almeida Lacerda, Flora Souza Brandão dos Reis, Brendha Rodrigues, Johana Lara Pinto de Carvalho, Manuella Martins do Nascimento, Gabriella Bento de Morais, Vanessa Araújo Alves