Dados do Trabalho


TÍTULO

NEOPLASIA NEUROENDOCRINA DE VESICULA BILIAR: RELATO DE CASO DE PACIENTE INTERNADA NO HOSPITAL GERAL DE CAXIAS DO SUL – RS

INTRODUÇÃO

As neoplasias neuroendócrinas são cânceres epiteliais com diferenciação neuroendócrina predominante, e podem ocorrer em diferentes órgãos. Apresentam comportamento biológico variável, diferenciando-se na aparência histológica e na resposta ao tratamento. As neoplasias de vesícula biliar ocupam a quinta posição entre os cânceres do trato gastrointestinal, sendo a forma de carcinoma neuroendócrino muito rara.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 55 anos, hipertensa, soropositiva, tabagista, procurou atendimento em novembro de 2015 por quadro de dor abdominal, febre, vômitos, inapetência, diarréia, linfoadenomegalias, sendo diagnosticada com linfoma de Hodgkin, com achado ocasional de colelitíase. Seguiu tratamento com hematologista, realizando quimioterapia. Em setembro de 2018 interna eletivamente para colecistectomia videolaparoscópica, procedimento sem intercorrências, mas com vesícula pétrea, aderências e placas esbranquiçadas na sua parede. O anatomopatológico determinou neoplasia maligna indiferenciada de vesícula biliar, com imuno-histoquímica positiva para carcinoma neuroendócrino de pequenas células. Realizou-se ampliação de margens em novembro de 2018 com linfadenectomia do ligamento hepatoduodenal, ressecção da via biliar extra-hepática, da placa hilar e segmentectomias dos segmentos IV e V hepáticos, com ligadura do pedículo Glissoneano dos segmentos anteriores V e VIII e reconstrução através de anastomose intra-hepática com Y de Roux. Havia infiltração por carcinoma na via biliar extra-hepática e em segmento hepático. Paciente reinternou por quadro de dor torácica, dispnéia e fraqueza em janeiro de 2019, apresentando derrame pleural moderado e pericárdico leve, sendo submetida a decorticação pulmonar, biópsia e drenagem de pericárdio por suspeita de recidiva de linfoma, sendo a patologia negativa. Paciente em seguimento ambulatorial com a oncologia cirúrgica, infectologia e hematologia.

DISCUSSÃO

Entre as neoplasias gastrointestinais a de vesícula ocupa a quinta posição, sendo o tumor maligno biliar mais frequente, geralmente diagnosticado após uma colecistectomia eletiva, sendo de 0,5-1,5% dos casos neoplásicos. Os tumores neuroendócrinos primários de vesícula biliar são particularmente raros e apresentam prognóstico ruim. São mais frequentes no sexo masculino e em idade mais jovem, divergindo do caso relatado. Originam-se, geralmente, em um contexto de inflamação crônica, principalmente com calculose associada. A etiologia desses tumores não é clara, podendo originar-se da mucosa vesicular com metaplasia, sendo secundária à colelitíase ou colecistite crônica, ou por tecidos ectópicos pancreáticos. Clinicamente os sintomas são confundidos com os da cólica biliar. O tratamento curativo inclui colecistectomia, ressecção hepática e linfadenectomia regional. Assim, aconselha-se durante a laparoscopia, avaliar toda a cavidade sistematicamente, em busca de diagnósticos diferenciais e doenças não identificadas.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Hospital Geral de Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Luiza Herdy Boechat Luz Tiago, Augusto Cardoso Sgarioni, Rafael Fontana, Fernando de Marco dos Santos, André Rombaldi, Alesandra Bassani, Scheila dos Santos Cardoso, Jean Pierre Aschidamini