Dados do Trabalho


TÍTULO

Diagnóstico tardio na Doença de Crohn: relato de caso.

INTRODUÇÃO

A doença de Crohn (DC) é uma doença inflamatória transmural e recidivante do trato gastrointestinal, que pode acometer qualquer segmento do tubo digestório, com predileção do íleo distal e do cólon proximal. Seu diagnóstico tardio pode envolver complicações graves da doença, como a formação de fístulas anais e estenoses intestinais. Estima-se que 70 a 90% dos pacientes necessitarão de alguma forma de tratamento cirúrgico no decorrer de sua vida. O objetivo deste trabalho é relatar o caso de um jovem que recebeu o diagnóstico da Doença de Crohn aos 27 anos após quadro de obstrução intestinal.

RELATO DE CASO

I.A.A., masculino, 28 anos, em setembro de 2017 começou a sentir dores abdominais, associadas a êmeses eventuais e sangramento retoanal. Durante o período investigou-se o quadro por Tomografia Computadorizada (TC) realizada em 13/10/2017, mostrando semioclusão em íleo terminal, com presença de líquido livre na pequena pelve. No final de outubro houve agravamento dos sintomas e o paciente foi admitido em hospital bastante emagrecido e hipocorado, com quadro de abdômen agudo, sendo submetido a uma laparotomia exploratória. Os achados cirúrgicos evidenciaram intenso processo inflamatório com perfuração de íleo terminal com bloqueio entre alças e reto superior. Foram realizadas ileocolectomia + ileostomia e fístula mucosa. O exame anatomopatológico mostrou inflamação crônica transmural, intenso infiltrado neutrofílico e pólipos hiperplásicos em cólon, sem malignidade. O paciente recebeu alta hospitalar, mas após evoluiu com complicações pós-operatórias (infecção de ferida operatória e persistência de mal-estar geral). Sendo então admitido em outro hospital em 17/11/2017 onde se realizou a investigação da DC, dado seu histórico médico de cirurgia realizada em 2012 para correção de fístula anal (evolução clínica semelhante à última complicação), bem como manifestações extraintestinais (colelitíase e litíse renal), além de eventuais lesões aftosas em boca e manchas hipercrômicas difusas. O paciente evoluiu bem desde o último internamento, seguindo com tratamento ambulatorial (Prednisona 20mg/2 comprimidos pela manhã, num período de 11 meses), que resultou em remissão total dos sintomas. Hoje faz terapia biológica (Adalimumab 20mg, de 15 em 15 dias) e aguarda cirurgia para reconstrução do trânsito intestinal.

DISCUSSÃO

Trata-se de um paciente jovem com diagnóstico tardio. É sabido que a grande maioria dos pacientes com DC se não for tratada, desenvolverá complicações no tempo, com o fenótipo de doença mudando de inflamatório para estenose. Além disso, proporção considerável de pacientes no diagnóstico já apresentam complicações. Esse atraso correlaciona-se positivamente com a incidência de estenose intestinal, cirurgia intestinal e má qualidade de vida. Especula-se que acompanhamento precoce poderia ter poupado o paciente de complicações e tratamento cirúrgico.

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

Universidade Federal de Sergipe (UFS) - Sergipe - Brasil

Autores

Raiane Nascimento Santana, Luíse Meurer